sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Resposta de Deus



Exatamente às 14h50, faltando 10 minutos para a gente (Tami, Bruninha, Karlinha, Suely, Alânia, Hérick, Wellinton e eu - uma equipe muito especial) começar nosso "minuto de oração", o Paulinho, do departamento pessoal da empres, me ligou pedindo para eu comparecer na sua sala. Logo imaginei que era para acertar algum horário ou passar um procedimento organizacional, mas foi para dar a notícia de que eu estava sendo desligada da editora.

Senti na hora que essa decisão não foi determinada por parte da direção da empresa, foi Deus. Ele me colocou aqui e agora está me tirando, por conta dos meus pedidos e também porque meus sonhos e projetos são outros, muito maiores. Muita gente se assustou e eu fiquei até bastante emocionada com o carinho e a preocupação dos amigos. Mas, na verdade, estava me sentindo bem e aliviada.

Não vou dizer que é uma notícia para "soltar foguetes", pois moro longe da família, pago aluguel e preciso me manter. Mas é uma notícia que vem dar prova do poder e do cuidado de Deus. Estou entregue em suas mãos e, portanto, tranquila com que vem pela frente. Ele tem grandes planos para mim. Na verdade, Deus tem planos para qualquer um que o aceite como Senhor da vida.

O mais engraçado disso tudo é na quarta-feira, eu, a Ana e a Ju, minhas "irmãs" que dividem apartamento comigo, fizemos uma oração em conjunto. Neste momento estabeleci um propósito com Deus. Pedi a Ele que até sexta-feira me desse um sinal, qualquer que fosse, para entender que Ele estava me olhando e trabalhando no meu setor profissional. A Ana, com sua fé inabalável, declarou que este sinal viria.

No dia seguinte, uma amiga da Michelle (Brasília) que mora aqui em São Paulo me ligou falando sobre uma vaga de emprego. Eu fiquei animada, mas sabia que, por mais que indicasse, este não era o sinal. Não senti em meu coração. Enviei o currículo da mesma maneira, mas ainda fiquei imaginando que sinal Deus enviaria para mim para eu ter certeza da sua atuação. Como somos homens de pouco fé... Como duvidamos do seu amor e do seu poder...

No mesmo dia, à noite, encontrei com Rê. Ela me perguntou como estava a situação no trabalho e eu respondi que já havia feito até minha cartinha de despedida. Ela riu e me disse: seu novo trabalho virá em março, pode apostar! Outra amiga de fé!

E por falar em amigos de fé, não posso deixar de contar que o "grupo de oração" que eu citei no início do texto foi formado esta semana, segunda-feira, dia 22 de fevereiro. A gente decidiu que começaríamos a orar pela empresa e por todos os funcionários, principalmente para a direção. Cada um no seu próprio lugar de trabalho, na frente do computador ou não, fecharíamos nossos olhos por 2 minutos levaríamos uma prece a Deus em favor do nosso ambiente de trabalho. Todo dia, às 15h. E assim começamos a contribuir, se não de uma forma tão profissional, de uma forma mais eficiente.

Nosso propósito era rezar por todos, mas a Tami, minha amiga e irmã, intercedeu por mim de forma especial. Pediu ao Pai que olhasse com carinho para minha situação. Como convivemos diariamente, ela sabia o quanto eu estava triste, desanimada e angustiada. Como posso agradecer por isso? Para mim não existe maior presente, mais valioso, do que ser lembrada por alguém em sua oração. Sinto-me abençoada e cada vez mais responsável por todas essas bençãos.

Por isso, preciso trabalhar logo na área de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Também preciso trabalhar e estudar muito na área espiritual. Afinal de contas como mudar o mundo sem mudar o interior e os valores das pessoas? Meio complicado. Mês que vem começo o curso no CCM - Centro de Capacitação Ministerial, da Igreja Batista da Liberdade. Estou MUITO animada! Tem aula de liderança, missões e até de evangelismo criativo urbano. Pode uma coisa dessas? Minha igreja é uma benção, um outro presente de Deus na minha vida.

O que mais posso querer? Deus está aqui, bem pertinho de mim, preparando algo que eu nem sei o que é, mas já sei que tem a ver com a Execultive também. Outro projeto e outro sonho!!!
Paizinho do Céu, MUITO OBRIGADA!!! Muito obrigada por isso, por TUDO isso. Muito obrigada por seu cuidado, por seu amparo, por seu amor. Eu não sou nem digna de tanto, mas o senhor é pura graça, é dom gratuito, é luz que não faz acepção de lugares e nem de pessoas. Como sou feliz por tÊ-lo em minha vida como Pai, como Senhor, como minha VIDA.

De sua filha que te ama muito, te adora, de rende graças e louvores - eternamente!!!

Raquel

Carta a Deus



Querido Paizinho do Céu

Quero falar uma coisa bastante séria com o Senhor. Há algum tempo, tenho reclamado e pedido que minha situação profissional mude. Não quero ofendê-lo de maneira nenhuma, mas não gosto da função que eu estou desempenhando hoje e muito menos do salário que eu recebo. Para piorar a situação, a empresa que antes eu não tinha nada contra, está passando por uma série de problemas financeiros por conta de má gestão, falta de prioridade, planejamento e, pior, falta de consideração por seus funcionários. As pessoas estão desmotivadas, desanimadas e tristes. Tenho certeza de que, assim como eu, várias pessoas estão apenas aguardando uma oportunidade para mudar de emprego.

A questão é que eu não sei mais o que fazer, o que pensar, como pedir, como orar ou como devo enfrentar esta situação. Sei que o Senhor já ouviu minha súplica, tenho consciência de que o Senhor sabe que eu me mudei para São paulo com o intuito de estudar e trabalhar com Responsabilidade Social, sei que o Senhor preza meus sonhos, sei que o Senhor deseja que eles sejam realizados, sei que e o Senhor está trabalhando em minha vida e quer me ver feliz. Mas quanto tempo esperar? Qual a atitude e a postura a tomar durante este período?

Ontem, em oração, a Ana disse algumas coisas muito certas e que eu nem havia me tocado. Lutei para ter uma profissão sim, lutei para entrar na faculdade, foram 3 vestibulares durante 3 anos seguidos. Não contava com a possibilidade de fazer um curso particular. Por conta da situação financeira dos meus pais na época, minha única opção era a instituição pública. Entrei, para a glória do seu nome e sou extremamente grata por isso. Foi uma vitória. Estudei quatro anos com recursos limitadíssimos e ainda enfrentando a separação dos meus pais. Foi uma barra! Me formei e fui trabalhar como promotora de vendas em supermercados, eventos etc. Como eu detestava fazer aquilo. Não pelo trabalho, que é muito digno, até gostava de vender, bater minhas metas e conversar com as pessoas, acabava me aperfeiçoando profissionalmente. A minha insatisfação era devido ao fato de ter um diploma universitário e estar desempenhando uma função que outras meninas, até sem estudo, faziam melhor do que eu. * Raras exceções, pois modéstia à parte sou muito boa em relacionamento e comunicação.

Rezava e implora ao Senhor que me tirasse daquela situação. Minha "cara-de-pau" era tão grande que, ao pedir um trabalho, elenquei os requisitos. Disse que gostaria de trabalhar na minha área, de preferência com marketing, tinha que ser num veículo de comunicação, de preferência TV, devido o grande alcance e da linguagem mais simples, localizada em Juiz de Fora, pois na época eu não tinha nenhum interesse em sair da minha cidade. De repente... Pluft! Aconteceu. Fui contratada pela TV Alterosa, retransmissora do sinal do SBT em Minas Gerais. O salário era legal e a equipe ótima. Tive oportunidade de elaborar e desenvolver projetos na área social voltados para a comunidade e, ainda, ser reconhecida profissionalmente. O desafio maior era enfrentar a rotina puxada de serviço, o que incluía até os sábados e domingos, e o meu querido chefe "Touro Bandido". Quanto estresse ele me causou. Não foi à toa que lhe dei este doce apelido, que acabou pegando.

Depois de quase dois anos de convivência, entre brigas, choros e reclamações, ele recebeu uma proposta para trabalhar na TV Globo de Juiz de Fora. Não esperava, mas fiquei super mal, péssima na verdade. Sentia falta dele e cheguei a chorar na minha cama à noite como se estivesse com o coração partido por conta de um término de namoro. Porém, como Deus é bom demais, minha angústia durou pouco. Pouco tempo depois, recebi também uma proposta para trabalhar na emissora, óbvio que teve o "dedo" dele, afinal de contas profissionalmente formávamos uma bela dupla.

A partir daí, houve outras oportunidade profissionais bastante positivas. Mas uma, especificamente, contribuiu para que eu tomasse a decisão de me mudar para São Paulo em busca dos meus sonhos. Foi a última empresa em que eu trabalhei em Juiz de Fora. A equipe também era maravilhosa (salvo algumas exceções que sempre tem em qualquer lugar), um bom salário, muita visibilidade profissional, reconhecimento, mas eu já não queria mais trabalhar apenas com marketing, com eventos, com foco em ações comerciais. Eu queria algo novo, aprender uma nova forma de gestão, me especiaizar em responsabilidade social e sustentabilidade e trabalhar com algo que me proporcionasse uma realização mais que profissional e financeira, mas uma realização humana, algo que eu tivesse paixão, que me motivasse e preenchesse a minha vida.

Sem avaliar muito ou planejar, tomei a decisão e me mudei para São Paulo. Comecei minha temporada fazendo um bom curso na área e tratei de procurar trabalho. Caso contrário, teria que voltar com minha trouxinha nas costas. Rezei, rezei rezei, pedi, pedi, pedi, enchi o saco do meu amado Pai do Céu e, logo, uma oportunidade apareceu. Fiquei muito feliz. Deus havia sido, mais uma vez, muito bom para mim, pois mesmo sem inglês, espanhol etc, colocou-me numa empresa de comunicação, numa editora de revistas de negócios, na área de marketing. O salário era baixo e eu teria que ficar responsável pela participação das revistas em todas as feiras do setor, mas eu estava agradecida.

Foi um ano intenso, viajei, carreguei caixas, contratei fornecedores, acompanhei o trabalho de montagem de estandes nos finais de semana, atendi clientes, leitores, dei suporte aos representantes de venda, trabalhei até tarde da noite, passei raiva, me estressei e, na maioria das vezes, fiz isso tudo sozinha. Cheguei no final do ano passado desgastada, pois nesta época o clima na empresa não estava nada bom. Muitas pessoas já haviam sido demitidas, o ticket alimentação foi reduzido, o projeto de sustentabilidade que eu e mais alguns colegas de trabalho tínhamos desenvolvido foi cancelado pela direção, entre outros fatos que deixou todo mundo abalado. Eu já havia terminado a temporada de feiras e estava, razoavelmente feliz, porque ela só começaria em março do outro ano.

Porém, março está batendo à porte. E eu não tenho mais dúvida de que este não é mais o meu lugar. Estabeleci uma troca com a editora durante um período, mas minha fase está chegando ao fim. Ela foi muito importante para que eu me estabelecesse em São Paulo, aprendesse algumas coisas e ficasse mais esperta. Mas preciso seguir meu caminho. Desejo muito trabalhar na área de responsabilidade social, foi por este motivo que transferi minha vida e decidi começar tudo de novo longe de casa, com quase nenhuma referência. Coloquei na minha cabeça que a Isa Show, feira que aconteceu em novembro de 2009 seria minha última participação. O tempo está passando e eu não gostaria de começar tudo de novo. Eu não quero, Pai. Não quero!

Sei que o Senhor está trabalhando em minha vida, creio em ti, confio na sua providência, mas confesso que estou angustiada. Também tenho conhecimento de que o nosso tempo é diferente do tempo do Senhor e que devemos descansar em ti, pois tudo acontece quando tem que acontecer. Não duvido de nada disso. Só estou falando insistentemente sobre esta questão porque preciso desabafar. Não vejo mais propósito em ficar aqui desempenhando esta função. Minha atuação está limitada, meu salário está limitado, minha motivação já se foi...

Pai, não se equeça de mim. Me faça compreender o porquê de tudo isso. Me faça entender os seus projetos. Me dê calma, paz, conforto emocional e também financeiro. O Senhor Jesus disse que veio à Terra para nos dar a Vida, uma vida de abundância, porque o Senhor é o dono de tudo isso, eu sou sou filha, portanto, herdeira. Além de filha, sou sua serva. Coloque-me trabalhando para o Senhor então. Ai, Paizinho do Céu, eu não quero mais fazer feira. Quero ser reconhecida e valorizada pelo meu trabalho. Quero estudar, crescer, me aprimorar e contribuir. Quero mais. Quero fazer mais por mim, pela minha família, pelas pessoas, pelo mundo e pelo o Senhor. Reduza meus dias aqui e abra uma porta de luz para mim em outro lugar.

O senhor está dizendo ao meu ouvido que, na verdade, vim parar aqui para encontrar a Tami e a Renata, estabelecer com elas um laço de amizade e de trabalho. Já reconheço isso também e tenho provas. A Execultive é um projeto do Senhor que nos entregou para trabalharmos por um mundo melhor, por relações mais humanas, por valores que estão esquecidos, por uma vida mais próspera e também muito mais feliz. Ainda não sabemos o que nos cabe execultar. Mostre-nos, Senhor. Inspire-nos, abra os nosso olhos, nossa cabeça e nosso coração. Queremos te servir. Eu gostaria de sair da Banas hoje e me dedicar totalmente ao nosso projeto, porém não sei como me sustentar somente por meio dele. Mostre-me o caminho, mostre-me uma solução. Estou a seu dispor, Senhor. Só conseguirei caminhar se for contigo. Não se esqueça de mim.

Raquel

25 de fevereiro de 2010

Comunicação Consciente


Que conselho você daria a um jovem profissional de comunicação?

Uma pequena fábula para a comunicação consciente
Por RicardoVoltolini

Para explicar o que acho que seja comunicação consciente, ou uma ideia próxima disso, ocorreu-me lançar mão de uma pequena fábula contemporânea de final infeliz. Dessas que têm alguns personagens malvados e outros ingênuos, tramas mirabolantes, mentiras, enganos, enganadores e enganados, lições de moral e ensinamentos de ética elementar.

Até dezembro de 2008, Bern era, aos 70 anos, um homem de bem com a vida, reconhecido pelos pares e pela sociedade. Norte-americano rico de família judia, figura ilustre de Wall Street, construiu fama de filantropo serial, tendo sido referência para organizações de caridade endinheiradas de todo o mundo. Não por outro motivo, sua empresa de investimentos, criada em 1960, passou a ser uma espécie de porto seguro para as reservas de banqueiros, de beneméritos e de investidores de bom coração, que ele, Bern, zelosamente, fazia multiplicar aproveitando os seus vastos conhecimentos de mercado de capitais.

Em dezembro de 2008, no entanto, a casa de Bern caiu. Tomado por um surto de eficiência, o FBI descobriu que ele era, na verdade, um homem não muito honesto. Adepto do “esquema Ponzi” –leia-se o velho truque da pirâmide, que já produziu dezenas de milionários e milhões de trouxas --, o antes virtuoso Bern, cidadão de imagem ilibada, aplicou um golpe de 50 bilhões de dólares. De uma noite para outra, pego provavelmente de pijama de seda, dormiu filantropo da velha Nasdaq e acordou o maior fraudador de todos os tempos.

Bern é Bernard Lawrence Madoff. E a sua escandalosa história já foi contada inúmeras vezes tanto na CBN quanto na Gazeta de Xiririca da Serra. Mas o que ela tem a ver com comunicação consciente? Nada e tudo. Nada se Madoff tiver chegado aonde chegou sem a ajuda de ninguém, em aventura solitária, guiado apenas pelo seu caráter –ou falta dele – ou ainda pela sanha patológica de roubar almas indefesas. Tudo, se para escalar até o topo da montanha de 50 bilhões de dólares, afanados de incautos, ele tiver contado com o apoio de profissionais de comunicação. Coloco, portanto, sob hipótese, pois não disponho de informações para fazer julgamentos, nem tenho outro interesse que não seja o de usar a historinha para fins alegóricos.

Admitindo hipoteticamente que, para criar a sua reputação de homem do bem ou a imagem de investidor sério, ele tenha contado com gente que o treinou em media training, que construiu suas relações com públicos estratégicos, que cuidou da divulgação de seus serviços e que o ajudou a posicionar-se como top of mind na categoria “investidor filantropo número 1 do planeta”, muitos profissionais de comunicação podem ter prestado um desserviço á humanidade. Nesses casos, há sempre o salvo-conduto da ignorância. Mas, ainda no campo da pura especulação ficcional, imagine que parte deste staff conhecesse exatamente a vilania do negócio de Madoff, e mesmo assim tivesse se dedicado ao trabalho por apego ao emprego ou por receio de perder um job de valores generosos, até porque pago com dinheiro aliviado da carteira de terceiros, quartos e quintos?

Quantos de nós fizemos, fazemos ou faremos, no nosso trabalho de comunicação, algo de que discordamos por princípio ético? Quantos ajudamos, sem questionamentos, a construir a imagem de uma empresa, de um produto ou de uma marca com longo passivo socioambiental a quitar? Quantos ajudamos a elaborar positions papers, campanhas, versões, relatórios e discursos baseados em ideias que não encontram a mínima ressonância na prática, na cultura e nas crenças das companhias? Pior ainda, quantos textos, imagens, mensagens e símbolos misturamos, com as nossas habilidades, receosos de que eles poderiam servir á disseminação de uma mentira?

Comunicação consciente é, a meu ver, a comunicação que combina técnica com ética, preocupando-se não só com os resultados, mas a serviço de que causa e por que meios eles serão atingidos. Entendo que visões como esta ainda podem ser vistas como excessivamente românticas, como me afirmou um respeitado amigo, “nesses tempos loucos em que vivemos”. Se queremos tempos menos “loucos”, devemos começar por uma revisão de modelo mental afinada com os valores éticos que consumidores e sociedade esperam dos comunicadores neste século 21.

Na linha de “que conselho daria a um jovem profissional começando na carreira de comunicação”, destacaria o seguinte: “Quando for ao trabalho, leve a sua competência técnica, sem esquecer em casa o coração e os seus princípios éticos”. Fechado?
Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um sinal de alerta


Minha amiga está completando 30 anos de idade hoje, mas já faz algum tempo que eu estou ouvindo seus desabafos e questionamentos. Ela acha que está enfrentando uma série de “conflitos existenciais” por conta deste rito de passagem. Eu tento explicar que não isso tudo é coisa da cabeça dela, que eu já completei 30 anos e nem por isso transformei este fato numa obra dramática. Mas cada um é cada um, não é mesmo? Talvez estivesse sendo um pouco incompreensiva com ela, racionalmente exagerada.
Coincidência ou não, recebi hoje – logo hoje – um e-mail com uma entrevista com o médico Ítalo Rachid, especialista em medicina antienvelhecimento. Dr. Rachid é membro da American Academy of Anti-Aging e da International Hormone Society e, atualmente, lidera 376 médicos que trabalham com hormônios bioidênticos. Você sabe o que vem a ser isso? São substâncias prometem revolucionar a medicina preventiva, proporcionando mais vitalidade às pessoas com idade um pouco mais avançada. A principal característica que os fazem especiais é a de serem moléculas com estrutura química exatamente igual a dos hormônios humanos. Essa peculiaridade confere uma maior aceitação do organismo, menos riscos à saúde e considerável abertura para uma nova corrente da medicina, a que trata da longevidade saudável e do antienvelhecimento.
Mas porque estou falando sobre isso? Especificamente por conta de uma declaração que o médico fez à jornalista, que não era eu e nem a minha amiga, mas soou como se fosse. Ela fez a seguinte pergunta: “O que acontece no corpo humano depois dos 30 anos”? Confira a resposta do médico:
"Ao redor dessa idade, o organismo parece acionar um botão de auto-desligamento programado e progressivo. É como se deixasse de ir funcionando aos poucos. Hoje são conhecidos 23 “desligamentos”, ou pausas hormonais, que acontecem até o término da existência. A menopausa e a andropausa são os mais conhecidos, mas na verdade vários sistemas de produção de hormônios vão se desligando ao correr do tempo a partir dessa idade. É importante compreendermos que os hormônios não caem porque nós envelhecemos. Nós envelhecemos simplesmente porque a produção de hormônios cai."
Auto-desligamento programado e progressivo??? Quer dizer então que isso já está acontecendo comigo há cerca de seis meses? Lembrei da minha aula de catecismo agora: “do pó você veio e ao pó retornará”. Bem, vamos continuar com o assunto. O médico comentou sua declaração depois de ser indagado pela jornalista. Ela, que provavelmente está na mesma faixa etária que a gente, perguntou porque isso acontece.
Resposta:"Seres vivos, passado o auge do período reprodutivo, não interessam mais à natureza. A maioria dos animais morre ao atingir o final da vida reprodutiva. As pausas hormonais fazem parte de um processo de autodestruição. Acontece que nós, seres humanos, estamos vivendo cada vez mais depois desse período. Portanto, vamos ter de compensar essa perda hormonal de algum jeito, para poder envelhecer com mais saúde. A falta de hormônios é capaz de gerar uma enorme quantidade de doenças, pois essas substâncias são mensageiros químicos que se encontram no comando de todos os processos de renovação, reparo e síntese de proteínas no organismo. Um hormônio feminino como o estradiol, por exemplo, não determina apenas a ovulação ou a menstruação da mulher. Ele é responsável por mais de 400 funções regenerativas e de reparo no corpo human. O GH, ou hormônio do crescimento, também não tem a única função de fazer o indivíduo crescer, ele exerce mais de 150 funções regeneradoras no organismo e deixa de agir no crescimento se esse processo já estiver concluído. Imaginar o crescimento de qualquer parte do corpo com a administração do GH num organismo adulto ou que hormônios são causadores de câncer são preconceitos que demonstram uma ignorância profunda sobre o assunto. Chega a ser risível."
Outro ponto: só existimos para reproduzir? Deve ser por isso que minhas amigas balzaquianas estão loucas para engravidar. Algumas nem arrumaram maridos e já estão planejando o fato. Acho que elas estão mais sintonizadas com a sua função universal do que eu. Lamento, mas ainda não tenho esta preocupação, até porque acredito na evolução da medicina. Chega ser algo espantoso, mas mesma reportagem o médico relata que todo o conhecimento que temos hoje sobre a área médica foi aglutinado em apenas 10 mil anos de evolução. Agora, com a velocidade das novas informações, elas estarão duplicadas em apenas dois anos. Em outras palavras, daqui a um ano saberemos o dobro do que sabemos hoje sobre medicina. Acho que não existe razão para me preocupar, não é mesmo? O que me preocupa, realmente, é o que estou fazendo hoje com a minha vida, como estou vivendo, de que forma estou aproveitando o tempo que me foi concedido, como valorizar a dádiva de existir.
Para completar, a jornalista pergunta para o Dr. Ítalo Rachid o que é envelhecer e ele responde: "Envelhecer é um processo natural. O envelhecimento é uma fase da vida em que nos preparamos para a morte. O ideal é que possamos atravessá-la com saúde, para poder realizar, com a mente serena, os questionamentos espirituais e filosóficos necessários antes de morre."
Espero que minha amiga não fique mais confusa e receosa do que ela já está com estas informações. Na real? Acho que não existe motivo para isso! Estamos vivas hoje, agora, cheias de possibilidades, oportunidades e condições de fazer algo novo, algo gostoso, algo bom. Vou terminar este texto com um verso de Charles Chaplin que eu adoro: "O que importa mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e viver com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve, e a vida é muito bela para ser insignificante."
Feliz aniversário e muitos anos de vida!!!

Presente de aniversário para uma grande amiga


Querida Amiga

Hoje é um dia muito especial. Muito especial mesmo! Pare com os dramas e com estes receios, pois um ciclo novo está começando. Não tenha medo, abra as janelas da sua casa, da sua vida e deixe a luz entrar. Ela só está esperando a sua atitude, o seu convite, a sua coragem e sua vontade em recebê-la.

Li seu blog ontem e fiquei um “tantinho” preocupada com você. Em seus relatos, aparentemente rotineiros e simples, há frases e declarações de peso, carregadas de muitas dúvidas, medos, questionamentos, incertezas, angústias etc. Você é totalmente saudável, bem-sucedida, realizada profissional e financeiramente, à medida do possível, claro. Tem uma vida tranqüila, bastante confortável, viaja, visita sua família sempre, se diverte e pode dizer que tem vários amigos também. Mas existem alguns pontos que tiram o seu equilíbrio, que invade seu interior, seus pensamentos e mexe até com o que você guarda no fundo do seu coração. O pior é que eu acho que nem você sabe o quê guarda no fundo do seu coração, no seu íntimo. Certamente existe um “tesouro” lá, algo que pode fazer seus olhos se encherem de lágrimas, não de tristeza, mas de alegria e felicidade. Algo que dá sentido à vida, algo que faça enxergar o real motivo de você existir. Esse tesouro é extremamente intenso, mas não provoca desequilíbrio ou desarmonia. Ele traz a paz, conforto, certeza, luz para caminho, razão para viver, esperança, coragem, ânimo, alegrias e fé.

Desculpe, Mi, vai parecer que eu estou “pregando” agora, mas você me conhece bem e sabe que eu não sou bitolada em nenhuma religião. Gosto de igreja sim, preciso dela para me alimentar, preciso da comunhão entre as pessoas e de um trabalho social para me sentir realizada. Mas tenho consciência de que antes de tudo isso, o mais importante, está o - seu, o meu, o nosso - relacionamento com Deus, nosso Pai Criador, e com seu filho Jesus, enviado exclusivamente, especialmente, unicamente, para restabelecer nossa conexão com o Pai, para nos ensinar a sermos simples, humildes, mansos e fraternos. Para mostrar que Deus é pura graça, graça divina, poderosa e misericordiosa pronta para nos alcançar.

Sei que você reza, faz suas orações e agradece muito a Deus por todas as bênçãos da sua vida, mas percebo claramente que está faltando alguma coisa. Vou te falar uma coisa séria. Que todo mundo é filho de Deus, isso é. Que todo mundo pode falar com Ele e solicitar sua ajuda, isso também pode. Que as pessoas podem rezar, alcançar graças, serem abençoadas, isso também pode. O que não é possível, Mi, é entrar em comunhão com Ele se não for através dos ensinamentos de Jesus Cristo colocados em prática. Não é possível desfrutar da luz, viver na luz e sermos cheios de graça, se vivermos conforme este mundo, se vivermos tendo atitudes longes de serem justas, amorosas e desinteressadas. Não podemos estar com Deus, vivermos na unidade se ainda caminhamos nas trevas. Nas trevas do nosso egoísmo, dos nossos prazeres e ambições, do nosso orgulho, do materialismo que se manifesta nas formas mais brandas e sutis. Como estar em comunhão com Deus alimentando sentimentos vis, baixos e mesquinhos? Como podemos querer Deus Conosco se nossas atitudes, ações, desejos e interesses ainda são tão inferiores, impuros, egoístas e até repugnantes. Chegamos a ter vergonha de confessá-los a nós mesmas.

Estar com Deus é seguir o seu caminho, é andar conforme suas orientações, é busca-lo o tempo todo, não para nos socorrer, mas para aprender a sermos seus filhos e filhas de verdade, retos, obedientes, interessados em seus ensinamentos e cheios de vontade de colocá-los em prática, mesmo que isso exija de nós muitas renúncias, muitos sacrifícios e uma grande mudança de valores.

Foi isso que aconteceu comigo recentemente. Por isso, decidi me “converter”, ou seja, seguir um único caminho, ter somente uma única orientação: meu Deus e meu Senhor Jesus. Você sabe que eu já era uma pessoa de Deus, mas faltava um comprometimento da minha parte, faltava minha decisão de mudar agora, hoje, não amanhã ou por partes. Eu posso fazer o que tem que ser feito agora. Posso andar junto com Jesus a partir de agora, a partir da minha vontade, do meu arrependimento e da minha conversão. Lembra quando a gente estava conversando de madrugada, na minha casa, no final do ano? Você disse que considerava a gente bastante “evoluídas”. Eu achei graça e discordei. Só porque não roubamos, não matamos, não somos corruptas (talvez não nas grandes coisas), podemos ser consideradas evoluídas? Não! Isso a gente faz porque nos é conveniente, porque precisamos seguir as leis determinadas pela sociedade para se ter o mínimo de organização e tranqüilidade. E, ainda assim, muitos infringem estas diretrizes. E se o fazemos, as maiores prejudicadas seremos nós mesmas. Portanto, estamos apenas sendo inteligentes e fazendo o que é melhor para nós.

Mas eu te pergunto: quantas vezes somos egoístas? Quantas vezes difamamos o outro? Quantas vezes mentimos? Quantas vezes traímos as pessoas? Quantas vezes somos omissas? Eu posso responder por mim: inúmeras vezes!!! Mas agora resolvi renunciar essas coisas para seguir concretamente um novo caminho, para ser digna de ser chamada filha de Deus. Sinto –me muito plena e feliz ao declarar isso. Você conhece as inúmeras dificuldades que eu enfrento e tenho enfrentado, mas nada me abate, nada abala a minha fé, nada tira a minha alegria. Tenho certeza de que sou muito mais feliz do que a maioria das pessoas que podem usufruir uma vida de conforto, luxo, riqueza e facilidades. Nada disso me move, pois o patrimônio mais valioso do universo eu já tenho. Como está na Palavra, “Tudo posso nAquele que me fortalece.”

E minha força está crescendo a cada dia, a cada mudança de atitude, a cada renúncia de algo que não me agrega, a cada passo que dou firme na direção da Luz. As dificuldades aparecem? Sim! São até maiores. Mas as vejo como provas. A gente fica firme, vence e alcança outros níveis. É um processo maravilhoso. E, nesse processo, a gente começa a perceber de forma mais nítida e intensa o poder de Deus. É grande demais, totalmente inconcebível para a mente humana. Às vezes, fico admirando toda a criação de Deus, tudo isso já é tão gigante, imagina como pode ser o próprio Criador...

Levar esse papo com as pessoas pode parecer estranho, mas é porque o ser humano se valoriza demais, se acha o grande descobridor, conhecedor, manipulador e senhor das coisas, das pessoas e do mundo. Mas nós não somos nada. Deus nos deu a vida e Ele pode nos tirar a qualquer hora, a qualquer momento. Somos poeira invisível neste universo. No entanto, ao mesmo tempo, somos tudo o que há de mais perfeito e precioso que Deus criou. Somos seres inteligentes, mas às vezes transformamos nossa inteligência em arrogância e nos esquecemos que fomos criados por um Ser Supremo de Amor, que nos plantou aqui com um propósito, que nos deu a vida e todas as oportunidades para sermos ainda melhores. Porém, muitas vezes nosso foco é outro.

Mi, na verdade, estou escrevendo tudo isso para lhe oferecer o que de mais valiosos eu tenho: minha fé em Deus e em Jesus. O que eu, uma simples e humilde amiga, que está tão longe fisicamente, pode te oferecer neste dia tão especial? Reafirmo que ele especial sim e pode parar com esses dramas, ouviu bem? Risos... Tente experimentar o que esta nova fase vai te oferecer. Depois você me fala.

Não vejo a hora de lhe encontrar pessoalmente. A energia e a alegria serão muito maiores. Neste aniversário, só quero que saiba que pode contar comigo sempre, que você tem uma grande e eterna amiga, e que aos olhos de Deus somos verdadeiras irmãs. Estamos aqui para dar suporte uma a outra. Intercederei por você em minha oração de hoje de forma especial. Abra a janela do seu coração e deixe a luz entrar. Jogue as “tralhas” fora, jogue fora tudo o que é negativo e que te afasta de Deus. E nós sabemos muito bem quais são as coisas que nos afasta dEle ; ) Tenha coragem e tenha força de vontade. Não se esqueça: “Tudo posso nAquele que me fortalece.”

Beijo grande e que Deus te abençoe
Te adoro muito!!!

Raquel Corrêa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Unidos em Cristo


Uma andorinha não faz verão
Uma só pessoa não é multidão
Uma estrela pode até tentar
Mas não clareia o céu
Uma gota só não é chuva, não
Um soldado só não é batalhão
Uma flor sozinha tem seu valor
Mas não é jardim
Pois a força está na união
Na soma do melhor de cada um
O segredo está na união
Nos tornamos fortes quando damos as mãos
No serviço do Senhor
Na esperança, no fervor
Maravilhas surgirão entre nós
Unidos pelo amor

Uma voz sozinha não é coral
O amor sozinho não é total
Uma nota só pode até soar
Mas não é canção.
Um atleta só não é time, não
Uma corda só não é violão
Nem dá pra fazer o arco-íris
Só pintando o azul.
Pois a força está na união
Na soma do melhor de cada um
O segredo está na união
Nos tornamos fortes quando damos as mãos
No serviço do Senhor
Na esperança, no fervor
Maravilhas surgirão entre nós
Unidos pelo amor.
Chega de viver tão só
Chega de viver pra si
É hora de fazer amigos
De falar de Cristo e de seu amor
Pois a força está, a força está na união
Na soma do melhor de cada um
O segredo está na união
Nos tornamos fortes quando damos as mãos
No serviço do Senhor
Na esperança, no fervor
Maravilhas surgirão entre nós
O Espírito irá nos guiar
Viveremos a vitória finalquando Cristo voltar
Pois a força está na união.

Uma homenagem aos queridos amigos que fiz aqui, na Editora Banas, em São Paulo/SP. Que alegria e que benção conviver com vocês e dividir o amor de Deus, nossa esperança! Com carinho para Tami, Karlinha, Bruninha, Suely, Alânia e Hérick.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

História de amor no Haiti (Eliane Brum)



Seis dias depois do terremoto, Roger continuava diante das ruínas do prédio onde estava sua mulher, Jeanette, em Porto Príncipe. Não é possível alcançar, só podemos tentar vestir a pele do homem diante do monte de pedras. Debaixo delas, está a mulher que ama. Para todos, morta. Para ele, viva. Roger grita o nome de Jeanette. Diante de tantas dezenas de milhares de mortes, seu drama era apenas mais um. Mas não existe mais um. Existe o mundo inteiro em cada um. A vida só faz sentido se o homem com os olhos vermelhos fixos nas pedras for ele e todos nós.

De repente, alguém ouve um barulho. Uma voz entre os escombros. “Ela está viva!”, grita Roger. Agora, há um pequeno buraco. O repórter da TV americana enfia por ele um microfone para falar com Jeanette. Ela não come há seis dias, não bebe água há seis dias, não se move há seis dias. Enterrada viva, há seis dias Jeanette respira com dificuldade na escuridão. Tem os dedos da mão quebrados, sente dor. Jeanette tem algo a dizer. O que ela diz? Ela manda um recado para Roger: “Eu te amo muito. Nunca se esqueça disso!”.

Roger pega o que parece ser um pedaço de ferro da estrutura do prédio e começa a cavar.
Fiquei tentando abarcar o que é cavar pedras com um pedaço de ferro, com as mãos, para retirar dali um amor. Acho que não cheguei nem perto. O que faz meu coração falhar uma batida, para além da tragédia, é o que Jeanette escolhe dizer a um minuto da morte. O que importa a ela registrar depois de seis dias soterrada, 144 horas, 8.640 minutos, cada um deles eterno. Tudo o que importa para Jeanette, que não sabe se vai sobreviver, é afirmar seu amor ao homem que ama. Diante da morte, esta era a frase de uma vida.

Este pequeno drama, um entre dezenas de milhares, explica por que, contra todas as catástrofes, a escravidão e os sucessivos abusos cometidos pelas potências de cada época, a exploração e a violência, as bolachas de lama, as tantas misérias, a falta de tudo, o Haiti vai sobreviver. Mesmo sem quase nada, Jeanette e seu povo ainda tem o que perder.

O que você diria se fosse Jeanette?

A história de Roger e Jeanette nos remete ao que dá sentido à vida. Ao que realmente importa para cada um de nós. Soterrada pelas ruínas do seu país, a haitiana Jeanette ensina o mundo inteiro. Não porque quer nos dar alguma lição, mas porque Jeanette é. Inteira, ainda que aos pedaços em meio aos cacos simbólicos e reais de um povo, de uma nação. Como repórter, já escutei sobreviventes das mais diversas tragédias, ou apenas diante da catástrofe inescapável que é o fim da nossa história quando a vida chega ao fim.

Ninguém sente saudades do momento em que teve seus 15 minutos de fama ou brilhou em algum palco ou ganhou um aumento de salário ou foi chefe de alguma coisa ou botou um peito turbinado ou emagreceu seis quilos ou comprou uma casa ou um carro zero ou uma TV de tela plana. Diante do momento-limite, somos levados não aos grandes bens ou aos grandes planos, mas aos detalhes cotidianos que em geral passam despercebidos, quase esquecidos em nossa pressa rumo às grandes aspirações. O que nos falta é aquilo que nos preenche a cada dia sem que nos demos conta. Aquilo para o qual, em geral, não temos tempo.

Será que é preciso quase morrer para lembrar de viver?

Nem sempre há uma segunda chance. Sem saber se teria uma, Jeanette nos lembra, com seu recado muito particular, daquilo que é universal. Seja você uma moradora do país mais pobre das Américas nos escombros de um terremoto, seja você um bombeiro de Los Angeles, como aqueles que tentavam resgatá-la, seja você uma brasileira que escreve sobre ela, como eu, ou um brasileiro que lê este texto, como você. Jeanette nos lembra que o que nos iguala em nossa condição humana é o que, de fato, faz diferença. Pelo buraco, ela nos lembra que a vida é sempre urgente.

A vida é para hoje, a vida é para já.

Depois de três horas, Jeanette foi arrancada dos escombros. Viva. Saiu de lá cantando uma música cuja letra dizia: “não tenha medo da morte”. Assim que emerge das ruínas, logo depois de receber os primeiros-socorros, Jeanette entra no carro de Roger e parte. Bem empoeirada, sem nenhum drama. Como se tivesse resvalado na calçada e machucado a mão num dia qualquer. E o marido lhe desse uma carona para casa. Como boa sobrevivente, Jeanette reinventa a normalidade.

De novo, Jeanette tem algo a nos ensinar. Ela sacode a poeira e parte rumo ao cotidiano porque a vida tem de continuar, a vida deve se impor. É possível seguir quando, mesmo nos sentindo aos pedaços, sabemos o que é essencial, o que realmente importa, o que faz nosso coração bater mais rápido. No caso de Jeanette, o seu amor por Roger. E, mesmo se Roger faltasse, acredito que Jeanette ainda assim deixaria as pedras para trás e partiria rumo a muitos recomeços, porque só ama o outro com esta inteireza quem ama muito a vida que é.

Jeanette nos ensina que mais triste que a morte é uma vida desperdiçada com aquilo que não importa.*

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Este ano começou com muitas tragédias, aqui e no Haiti. Acho que precisamos prestar atenção e aprender com elas. Não basta se comover com o sofrimento do povo haitiano. Nossa solidariedade não se resume aos que podem pegar um avião e ajudar no que for possível. Nem a angariar dinheiro, alimentos e medicamentos. Como mostra João Pereira Coutinho em sua coluna na Folha de S.Paulo de 19/01, as catástrofes se equilibram equitativamente pelo planeta. O que não é equitativo no globo são a renda e a democracia. Em 1989, um terremoto de 7,1 na escala Richter causou 67 mortes nos Estados Unidos. No Haiti, um terremoto com a mesma intensidade matou – oficialmente – 150 mil pessoas.

Um estudo citado por Coutinho, The Death Roll from Natural Disasters: the Role of Income, Geography and Institutions (A lista da morte por desastres naturais: o papel da renda, da geografia e das instituições), publicado por Matthew Kahn na revista do MIT, em 2005, prova que são a pobreza e a tirania – e não a natureza – que matam. Naquilo que é invenção humana, estamos todos implicados. E, no caso do Haiti, especialmente nós, que comandamos a Minustah, a missão da ONU que supostamente está lá para estabilizar e reconstruir o país.

A série de tragédias deste início do ano não é um prenúncio do apocalipse bíblico ou de alguma outra espécie de fim de mundo mítico. Se o terremoto mata tantos no Haiti – e a chuva aqui – é por conta das escolhas políticas, econômicas e éticas que fizemos. E não porque a natureza ou um Deus cruel está nos matando como uma espécie de vingança pelo mal que causamos ao planeta e a todas as outras espécies. Nosso estilo de vida é que está nos matando, começando pelas vítimas de sempre, os mais pobres. O mal que nos aniquila se origina no nosso livre arbítrio – e só pode ser revertido pela transformação de nossas prioridades. Ser solidário hoje, diante da tragédia, é mais do que chorar diante da TV. É passar a fazer escolhas mais responsáveis, começando dentro da nossa casa.

Chove em São Paulo enquanto escrevo esta coluna. Eu sempre adorei chuva. O barulho das gotas batendo na janela, o vento que sempre a acompanha, o cheiro de terra molhada. Agora, me sinto culpada por gostar. Assim que sou tomada pelo reflexo imediato do prazer, na hora vem a culpa. Porque a chuva que faz bem ao meu bairro de classe média mata alguém na parte mais pobre da cidade. Passo então a imaginar o tamanho do desamparo de uma mãe com seus filhos num barraco a cada vez que começa a chover. De olho no céu, de olho no barranco, sem poder proteger aqueles que ama. Visto a pele dessa mulher que tem medo da chuva que vejo pela janela.

Apenas na madrugada de quinta-feira (21/1) morreram nove pessoas na Grande São Paulo, a região mais rica do país. Porque choveu. A maioria delas soterradas, embaixo de lama. Já são 62 mortos desde o início de dezembro no estado de São Paulo. E são governantes escolhidos por nós que culpam a natureza, “as chuvas em excesso”, pela morte de gente, em pleno século 21, por causa da água que cai do céu. Ou usam a tecnologia para tuitar, como fez José Serra (PSDB): 2010 é “um ano anômalo” no que se refere à quantidade de chuvas. Ainda bem que temos um governador para nos avisar.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), diz que devemos ficar “tranquilos”. Não, senhor prefeito, eu não fico tranquila. E acho que o senhor não deveria ficar também. Se eu fosse o senhor ou um dos prefeitos que o antecederam, eu não dormiria à noite porque me sentiria responsável. E mesmo não sendo o senhor nem um de seus antecessores, eu durmo mal porque me sinto responsável. Por que enquanto tento dormir, bem perto de mim e do senhor muitos estão com medo de morrer – e alguns morrem. Por chuva.

Cada um de nós tem sua parcela de responsabilidade, não apenas porque somos responsáveis por quem elegemos com nosso voto, mas pela vida que levamos. As tragédias pelas quais choramos hoje foram causadas não apenas pelas nossas más escolhas no sentido mais amplo, como humanidade num recorte histórico, mas por aquelas que fazemos todo dia, como indivíduos, do excesso de consumo de bens, água e energia à produção e destino do lixo. O papelzinho amassado, a bituca de cigarro ou a garrafa pet jogados no chão pela janela do carro vão entupir o bueiro ou o córrego lá adiante que, sem dar vazão, vai matar a criança na periferia quando a terra desliza e desaba o barranco sobre o barraco.

Nossos erros – ou nossa ganância – estão sendo pagos pelos mais indefesos e frágeis entre nós. Aqui e no Haiti.Quando Jeanette me faz pensar sobre o que realmente importa na minha vida, reafirmo a certeza de que não importa apenas a minha vida. Minha vida só faz sentido, só se realiza, se tornar possível também a vida do outro. Lá. Aqui. Em qualquer lugar.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI117882-15230,00-HISTORIA+DE+AMOR+NO+HAITI.html

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Deus é mais que fiel. Deus é Pai.



Chegou ao fim a novela "Em busca de uma casa em São Paulo", uma verdadeira obra de não-ficção que teve início em novembro do ano passado. Na verdade, não foi elaborado nenhum livro, novela ou documentário, mas se eu relatasse tudo o que passei, junto com a Ana e a Jú, para conseguir um lugar para morar aqui em São Paulo, daria para produzir, no mínimo, um dramático seriado.

Apesar de ser jornalista e ter algumas aptidões para a área de produção de vídeo, eu prefiro transformar essa experiência num testemunho de fé. Sim - mais uma vez - pois minha vida é recheada de manifestações do poder de Deus. Alguns podem considerar coincidências, acasos ou, simplesmente, historinhas. Mas para quem busca, sente e crer na presença e no poder de Deus, sabe que tudo, cada detalhe, cada ação, cada fato, tem um toque divino. Eu creio e dou prova.

Entrei de férias do trabalho no dia 18 de dezembro de 2009, logo arrumei minhas malas para passar o Natal e o Ano Novo com minha família em Juiz de Fora. Não é novidade para as pessoas mais próximas que um dos lugares que mais gosto de ir e visitar é a "minha comunidade", a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a famosa Igreja do Bairu, bairro onde eu morava antes de me mudar para São Paulo.

Numa das celabrações, ouvi o Padre Tarcísio convocando a comunidade para participar da campanha que tem como intuito construir a Casa Paroquial. Para quem nunca foi católico ou não tem conhecimento, vale informar. Há algum tempo, nossa Igreja foi elevada à categoria de Paróquia, isto quer dizer que ela adquire novas responsabilidades e compromissos perante à sociedade e à organização eclesiástica. Neste caso, é importante que o Padre tenha uma dedicação maior ao trabalho social e religioso, significa estar presente, praticamente de forma integral na vida da comunidade, significa estar perto, compartilhar e dividir o mesmo espaço. Por isso, a Casa Paroquial, residência onde o padre (ou os padres) vai se estabelecer é tão importante.

Cheguei em casa e perguntei para minha mãe se ela estava participando da campanha. Ela disse que não. Perguntei se ela, por acaso, já havia sido dizimista em nossa Igreja. Ela também disse que não. Justificou que dá ofertas sempre que pode, ajuda na doação de roupas, alimentos e no auxílio ao próximo, e essa era a contribuição que podia oferecer. Comentei com ela que estava aprendendo numa outra igreja o signifcado e o valor do dízimo. Apesar de ser um preceito tão criticado atualmente em nossa sociedade, em virtude da má conduta de diversos líderes "religiosos", tive a oportunidade de ouvir testemunhos maravilhosos que me fez mudar de opinião.

Outro dia, um rapaz falou que entregava sim 10% da sua remuneração porque tinha consciência de que tudo que ele recebe vem de Deus. De uma forma ou de outra, é Deus quem ministra essa dádiva. Declarou ainda que Nosso Deus é tão excepcionalmente bom que permite que ele fique com 90%, ou seja, a maior parte. Também ouvi outra pessoa argumentando que dava o dízimo porque considerava a igreja um dos únicos projetos que existe na face da Terra que tem a missão de evangelizar, difundir os valores do Evangelho e levar o nome de Jesus a todo homem e a todo lugar. Também ouvi - essa foi bem legal - que dízimo não é caridade, dízimo é compromisso cristão. Se queremos melhorar o mundo, devemos melhorar o ser humano. Para melhorar o ser humano, precisamos infundir em nós e no próximo os valores e os ensinamentos de Jesus Cristo. Se todo ser humano desenvolvesse e adquirisse uma conduta ética, o sentimento de justiça e fraternidade, de comunhão, de igualdade, de solidariedade, de respeito, de partilha, ou seja, de Amor, não precisaríamos executar diversas outras campanhas sociais - contra a fome, contra a discriminação, contra a violência, contra a corrupção, a favor da adoção, a favor da preservação da meio-ambiente, do uso racional dos recursos da natureza, entre outros. Se todo o homem se dispusesse a ser imagem e semelhança de Deus, digo interiormente, certamente o mundo seria um lugar melhor para se viver, para todos!

Enfim, depois desse longo comentário, a questão é que eu resolvi participar da campanha da Casa Paroquial. Manifestei meu interesse na secretaria da Igreja e fiz a escolha do plano de participação. Afinal de contas, cresci na comunidade do Sagrado Coração de Jesus, fiz catecismo, Primeira Comunhão, Perseverança (quando ainda existia), Crisma, participei do grupo jovem, da criação da Pastoral da Comunicação, como podia nunca ter entendido esse valor? Meu compromisso foi firmado antes do Natal. Informei o meu endereço de São Paulo e imaginei que logo no início de janeiro já chegaria o primeiro boleto. Até me programei.

De volta das férias, a ansiedade para arrumar um novo lugar para morar começou a tomar conta. Há oito meses eu divido apartamento com uma moça que muito mal fala um "bom dia" para mim. Tentei descobrir o motivo, mas até hoje não tive uma resposta convincente. Acho que, simplesmente, como dizem por aí, "nosso santo não bateu" (risos). Mas o fato é que estava muito difícil para mim continuar neste lugar. Além disso, duas amigas minhas também estavam procurando uma nova moradia. Depois de muito negociar e discutir, decidimos procurar um lar que fosse bom para nós três.

As dificuldades foram imensas. Não dá nem para relatar todos os fatos: visitas a apartamentos em péssima condições, muito longe, muito caro, com muita exigência burocrática, muito caro de novo, nenhuma oferta no bairro que preferíamos, somente 1 dormitório... Ouvimos e passamos de tudo, até debaixo de chuva a gente saía para procurar. Todos devem ter acompanhando nos noticiários os 48 dias seguidos de tempestades em São Paulo. Nós estávamos enfrentando duas tempestades ao mesmo tempo. Numa desses dias de procura, encontrei um trevo de quatro folhas. Incrível né? Para mim foi um sinal. Não me contive e o arranquei com terra e tudo. Plantei num vasinho e, por um milagre da vida, ele se multiplicou e está repleto de companheiros.

Na semana seguinte, encontranos um apartamento que atenderia a necessidade das três, porém havia um impecilho: não tínhamos fiador. De fato, o fiador nos faltava, mas amigos... Esses nunca. Eu, particularmente, sinto-me abençoada por ter amigos maravilhosos, que posso contar de verdade e a qualquer hora. Minha irmã de coração Olívia conseguiu que um amigo se dispusesse a ser nosso fiador até as coisas melhorarem. Ele aceitou e demos início ao processo. A semana foi agitada, tivemos que sair no horário de expediente, aprender a negociar, a lidar com contrato de locação, imobiliária, reforma, a confiar ainda mais uma na outra etc. Chegamos até a nos desentender. Foi "punk"!

Ontem, quinta-feira, já estava tudo encaminhado. Cheguei em casa morta de cansaço, mas ainda consegui embalar minhas coisas pessoais. Afinal de contas, já havia dito para a moça que dividia apartamento comigo que sairia antes do carnaval. Desmontei, chorei no meio das caixas e nem me dei conta de que havia chegado uma correspondência da Igreja Sagrado Coração de Jesus. Acordei ainda tonta, liguei para o trabalho dizendo que iria me atrasar pois ainda precisava passar no cartório para reconhecer firma do fiador. Tomei café, um banho e abri o envelope. Era o carnê de pagamento da campanha em prol da Casa Paroquial. Olhei o primeiro boleto, pois imaginei que estava atrasado e, para minha surpresa, o vencimento da primeira parcela estava programada para o dia 12 de fevereiro. Hoje! Exatamente a data de início do meu contrato de locação. Repito: exatamente na data do início do meu contrato de locação. Está aqui comigo para quem quiser ver. Nada foi combinado. Enfiei o boleto na bolsa e saí para resolver as últimas coisas e ir trabalhar. Pouco tempo depois, recebo a notícia do corretor informando que o apartamento já está à nossa disposição, basta pegar as chaves.

Farei minha mudança hoje à noite, mas dormirei na casa da Tami. O apartamento ainda está com a energia elétrica desligada. Amanhã, a Ju vai trazer as coisas dela, depois a Ana. Pularemos carnaval em casa - na nossa casinha - fantasiadas de faxineiras. Depois, quando tiver tudo arrumadinho, faremos um Culto a Deus em nosso lar, pois sem Ele, nada disso tinha acontecido. Sem Ele, nem aqui eu estaria. Sem ele, eu nem mesmo existiria para falar a verdade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O mal não merece comentário.



Bendita mensagem li no meu livrinho da sabedoria logo de manhã, "o mal não merece comentário." O mais incrível é que minutos depois fui desafiada a cumprir este preceito. O ambiente de trabalho é terreno fértil para exercitarmos nossas virtudes morais e passar por provações e desafios que vão atestar se estamos, de fato, evoluindo ou pelo menos fazendo um esforço para sermos seres humanos melhores e mais fortes. Fortes contra o mal, contra o poder e a influência da inveja, do egoísmo, do orgulho, do ciúme, da mesquinharia, da falta de solidariedade e da compaixão pelo próximo. Na grande maioria das vezes, esses atributos humanos inferiores dão corpo às nossas palavras, pensamentos, sentimentos e ações. E é isso o que compartilhamos com as pessoas.

Como é difícil ficar calada! Como é difícil não tecer um comentário negativo quando ouvimos algo que também recriminamos. Como é difícil não fazer julgamentos superficiais ou qualquer tipo de julgamento. Como é difícil recusar-se a participar de uma conversa inútil. Como é difícil se retirar de um ambiente que não agrega nada de positivo. Como é difícil perceber isso. Como é difícil ter coragem para declarar sua decisão de não compactuar com pessoas que utilizam preciosos minutos de suas vidas para criticar as pessoas.

Sabemos que é pura perda de tempo. Pior do que isso, é um ato que só nos traz prejuízo, pois nos envolve numa vibração negativa e de inferioridade que acarreta diversos danos na parte emocional, mental e espiritual. Na parte prática, perdemos credibilidade e a confiança das pessoas que já alcançaram níveis de qualidades morais mais elevados. Corremos o risco de sermos incovenientes, desagradáveis, desprestigiados ou relegados. E ser humano não suporta muito esta condição. Por mais que ainda tenhamos um coração de pedra, e talvez justamente por isso, é que buscamos incessantemente o amor, o calor humano, as vibrações dos bons sentimentos e uma vida saudável em comunidade.

Como viver numa comunidade sendo uma "praga" que pode contaminar todo o terreno e todos os outros execultores? Que tipo de frutos podemos oferecer se nossa boca (e nosso coração) não é capaz de ser útil e construtivo, se não sabemos por meio de nossas palavras construir um ambiente de tolerância, respeito e solidariedade? Vivemos sim num universo corporativo, onde as empresas e profissionais matam um leão por dia para manter a saúde financeira de suas organizações. Mas não é pelo caminho da competitividade desequilibrada, da vaidade egocêntrica ou do individualismo que vamos conseguir alcançar rentabilidade e resultados positivos nos diversos níveis pessoais e empresariais.

Por isso, comecemos por este simples exercício: ignorar as coisas negativas que a gente escuta e também não contribuir para que esta vibração aumente. Ou seja, melhor ficarmos quietos se não temos nada alegre ou útil que mereça ser compartilhado com as pessoas. Vivemos num mundo de troca, portanto receberemos sempre quilo que doamos. Em alguns casos, numa carga até maior. Aproveitemos estes momentos para fazer uma auto-avaliação e, quem sabe, melhorarmos em diversos outros aspectos da vida: moral, social e até profissionalmente.

A boca fala daquilo que o coração está cheio”. (Mt 15,18)