terça-feira, 16 de março de 2010

Minha descendência, minhas raízes...



Alguém poderia imaginar que a cidade de São Paulo, a maior e mais desenvolvida metrópole do Brasil, ainda abriga uma aldeia de índios guarani? A abertura do seminário Economia Verde, grande evento sobre sustentabilidade e incentivos de investimento para o setor ambiental, realizado esta semana no auditório do Ibirapuera, contou com a apresentação do Coral Guarani Tenonde Porã. Crianças e adolescentes, com trajes e instrumentos típicos da sua cultura, cantaram e dançaram para uma grande platéia de profissionais, políticos, empresários, jornalistas e diversos especialistas. Eles fazem parte de um grupo indígena que vivem nas imediações da capital paulista. Este espetáculo, tão simples e singelo, tendo como cenário o verde do maior parque da cidade, me emocionou e me fez refletir sobre minhas raízes.

Quando as pessoas conversam sobre suas origens, o mais comum é ouvirmos que a descendência da família é italiana, alemã, francesa, espanhola, holandesa etc. Quase nunca ouvimos que suas raízes são africanas, indígenas, latinas etc. Reconheço que o sobrenome, alguns costumes e a aparência física demonstram nossa natureza, mas será que estes aspectos são capazes de definir absolutamente nossas raízes? E por que se vangloriar tanto em ter uma descendência européia se a maioria das famíias já está instalada aqui há quase 500 anos?

Apesar de ter os cabelos loiros e a pele branca, tenho orgulho em dizer que meus antepassados são índios. A semelhança deste povo com a minha família vai além do aspecto físico. Nossos costumes também são muito semelhantes. Eles gostam de dançar, cantar e vivem em comunidade de uma forma simples e solidária. Valorizam e cuidam com carinho da natureza, celebram o sol, a lua, a chuva e aproveitam com alegria as coisas mais simples da vida como um banho de cachoeira. Não maltratam os animais, pois entendem que deles também é a terra. Caçam sim, porém é para sobrevivência, possuem grande conhecimento de remédios naturais, preparados à base de folhas, raízes e frutos. Fazem rezas (orações), cultos e festas. Gostam de enfeites e de se pintarem, principalmente para chamar a atenção. São guerreiros, mas preferem construir redes a armas.

Ao contrário do que muitos dizem, não considero os índios preguiçosos. Eles apenas não possuem as ambições e as motivações que nós alimentamos - ou que nos induziram a alimentar e conquistar. Infelizmente, a modernização, o imperialismo e o desenvolvimento desequilibrado e inconseqüente da sociedade interferiram na natureza cultural e social do povo indígena. Para começar, os portugueses que aqui chegaram para conquistar o Brasil influenciaram fortemente seus hábitos e costumes. De uma forma autoritária, desprezaram suas crenças, seus conhecimentos, sua sabedoria e o seu espaço.

Sei que a história hoje é outra, mas não podemos nos eximir da responsabilidade de termos contribuído para o desequilíbrio cultural, social e econômico deste povo. Se tivéssemos chegado com o intuito de construir uma sociedade sólida, baseada em valores como a justiça e o respeito, nossas relações certamente seriam outras. Ao contrário, o único objetivo dos conquistadores era explorar, extrair, subjugar e lucrar em benefício próprio. Infelizmente, a cobiça ainda continua sendo um dos maiores males da humanidade.

Fiquei muito feliz ao assistir a apresentação do Coral Guarani Tenonde Porã. É uma alegria constatar que riquezas humanas e culturais como essas ainda resistem mesmo em meio a tanta industrialização, poluição e preconceito. Mas enquanto ouço a maioria declarar que sua descendência é européia, eu exalto o povo que estava aqui antes da chegada de qualquer outra sociedade. Com alegria declaro que sou do Brasil, desta terra ricamente abençoada, nasci neste chão, sob um dos céus mais lindos do planeta.


Segundo os contos de família, minha bisavó era índia e chegou a ser laçada por um branco. Talvez eu também possa dizer que tenho uma “pézinho” na Europa (como todo mundo), mas a semelhança mais forte que tenho com esta civilização é não ser muito chegada a banho. Para mim, basta um por dia, isso se eu suar muito! Brincadeira... O que basta é a nossa arrogância, o desprezo e esta necessidade animalesca de tentar dominar tudo e todos. Isso basta!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Qual é o título da sua história?



A vida parece mesmo um filme. Deus, o roteirista soberano, insere fatos e pessoas que mudam as expectativas até mesmo dos próprios personagens. Tudo está encaixado, tudo tem um propósito e, no final, tudo faz sentido. A vida é de uma beleza, de uma grandeza e de um significado tão grande que chega ser absolutamente incompreensível para a mente e o coração dos seres humanos, pobres mortais. Talvez o problema esteja neste aspecto. Nossa percepção limitada nos leva a encarar a vida, esta graça magnífica e abençoada, de forma descuidada, acelerada, descontrolada, desequilibrada e até mesmo equivocada.

Sabemos que um dia nosso tempo aqui terá um fim. Por isso, consciente ou inconscientemente, nos empenhamos em usufruir todas as possibilidades de satisfação e prazer. Achamos que assim, consumindo e nos ocupando dessas metas, encontraremos formas de sermos felizes. Mas o homem se esquece de que sua natureza é espiritual. Portanto, as coisas materiais não são capazes de saciar nossas expectativas, nossos sonhos e aspirações. O ser humano é uma criatura de faculdades infinitas, sua trajetória é eterna, seu caminho é direcionado para a fonte criadora de toda e qualquer forma de vida, ou seja, Deus.

Constartamos esta questão, que verdadeiramente se apresenta como mais evidente e real, é ter a chance de mudar o rumo da história, o seu roteiro, de caminhar em paz e com tranquilidade, é ajustar o foco e acelerar o passo em direção à verdadeira e mais pura alegria. A alegria que preenche a alma e sacia o espírito. Eu me pergunto, às vezes, por quê algumas pessoas demoram tanto para entender isso. Percebo que muitas delas gastam uma boa parte do tempo reclamando, retrucando ou sofrendo por não entender esta questão. Em virtudo disso, decidi não ir por este caminho. Quero que minha vida seja construída em bases sólidas, que tenha como estrutura valores morais e espirituais elevados que fogem da rotina deste mundo, que são, na verdade, de outro mundo. De um mundo mágico e eterno.

Tenho 30 anos, mas sei que ainda faltam muitos episódios para minha história chegar à legenda "The End". Durante essas três décadas de vida já me surpreendi bastante, ri, chorei, sofri, superei, estudei, aprendi, (des)aprendi, amei, viajei, trabalhei, falei (e como!), mudei, testei, acreditei, tentei e cheguei até aqui! Saldo disso tudo? Transformação, crescimento, evolução. Apesar disso, acho que ainda sou uma lagarta presa ao casulo, mas empenhada e ansiosa para desenvolver suas asas, se transformar numa borboleta, alçar um suave vôo e conquistar o infinito. "O céu é o limite!"Sim, concordo que o céu é o limite, pois é ele o meu foco. Aceito, agradeço e abençoo todas as situações, condições, mudanças, desafios que enfrentei e ainda vou enfrentar, simplesmente, para conquistar um lugarzinho no céu. Já que sou filha de Deus, quero voltar um dia para "Casa".

Reconheço que é muita pretensão da minha parte considerar que sou merecedora de uma lugar tão especial. Mas, diga-me se algum filho deste mundo tão imperfeito em que vivemos precisa de "méritos" para viver na casa de seus pais? Se nós humanos somos capazes de desenvolver e manifestar sentimentos tão elevados de amor, afeto, carinho e compaixão, quem dirá nosso Pai que está no Céu. Embora saiba que nada preciso ser ou fazer para ser reconhecida como filha de Deus, herdeira do seu Reino, eu quero ser motivo de orgulho e de alegria para o meu pai. Quero ser uma filha obediente, comprometida e trabalhadora. Quero que Ele se sinta feliz com o meu crescimento, minha evolução, minha devoção e a mudança de foco do meu coração.

Hoje, sinto vontade de seguir apenas um caminho. E neste caminho trabalhar para a transformação deste mundo, para fazer renascer no coração dos homens mais generosidade, justiça e amor. Que os valores que realmente fazem a diferença na vida do ser humano ganhe cada vez mais espaço, sejam valorizados e solidificados. Que eles sejam a base das relações humanas e até corporativas, políticas e econômicas. Quero contribuirr para a concretização deste projeto. Quero que minha vida seja um roteiro dedicado a esse propósito. Não importa os desafios e as aventuras que terei que enfrentar. Para falar a verdade, quanto mais experiência melhor, pois não são as situações adversas as melhores lições de aperfeiçoamente e capacitação?

Aceito meu papel, assumo meu compromisso e vou batalhar para que minha atuação seja cada vez maior e mais produtiva. Não ficarei sentada assistindo a atuação dos outros, ouvindo as histórias dos outros, me distraindo, me divertido ou até mesmo criticando o papel dos outros. Vou participar do meu próprio filme. Tenho uma história especial para escrever e tornar real. Sou a protagonista do roteiro que Deus preparou especialmente para mim. "O céu é o limite", estrelando... Raquel Corrêa.

Em 10 de março de 2010.