segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre o apagão...



Quando a luz dos homens apaga, a luz de Deus acende. Saulo precisou ficar cego em sua caminhada, rumo a Damasco, para ver a iluminação divina. Sua cegueira humana transformou-o em Apóstolo Paulo e, de perseguidor, passou a pregador.
O blecaute ocorrido este mês em 19 estados brasileiros foi um exemplo de escuridão iluminada. Normalmente, durante a noite, as famílias estão divididas dentro de casa, mesmo que todos entejam fisicamente juntos. O olhar de cada um está fixo no aparelho de televisão. Tão próximos e tão distantes. Ninguém se olha. Todos estão preocupados com a telenovela ou com o novo namorado de alguma atriz. Esposas e maridos mal se falam. Os jovens estão em frente ao computador. Mas a escuridão da semana passada rompeu essa rotina.



Abençoado blecaute! Com a iluminação de uma vela ou lanterna, as pessoas se olharam na penumbra. Deixaram as notícias dos famosos e as histórias trazidas pela mídia, viveram a própria vida. As pessoas conversaram. Se tocaram na escuridão. Se entreolharam. Guimarães Rosa já escrevera sobre “a precisão de se fazer lista das coisas todas que no dia por dia a gente vem perdendo. Só a pura vida”. É mister colocar nessa lista: “Precisamos apagar as luzes de vez em quando.”
A nova geração não sabe, mas um dos grandes programas de entretenimento que tivemos no passado foi a conversa. Sentar e contar casos e causos. Os avôs relembrando as lendas da juventude, alguma parábola, alguma fábula. Nós olhávamos para nossos pais e avós. Nós escutávamos uns aos outros. Nós olhávamos nossos ancestrais e aprendíamos com eles. Será preciso uma queda de energia elétrica para que os seres humanos olhem seu próximo mais de perto?
Muitos sabem o nome dos filhos de atores hollywoodianos, mas não sabem onde os próprios filhos estão, o que estão fazendo, o que eles pensam, o que eles querem. Muitos filhos escutam a história de qualquer um na rua, mas são incapazes de reservar um minuto para os pais. Muitos maridos sabem a vida de suas colegas de trabalho, no entanto, desconhecem os anseios e pensamentos de suas esposas. Muitas esposas, da mesma forma, sabem os sonhos de várias pessoas, mas desconhecem o desejo do próprio marido.
Por favor, apague a luz. Abra os olhos, os braços, os ouvidos, o coração. Só assim você poderá enxergam o outro e a vontade de Deus.
Texto de Elisabete Ferraz Sanches, professora graduada em Letras pela USP, pós-graduada em Português: Língua e Literatura pela UniSant’Anna e mestranda em Literatura Brasileira pela USP.

Almoço de domingo!


Detesto almoçar sozinha, tomar café sozinha ou jantar sozinha, no entanto estou aqui, mais uma vez, na praça de alimentação de um shopping, domingo, sozinha! Estou tentando segurar a onda para não derramar umas gotinhas de água salgada no prato e piorar ainda mais a situação. Porém, já perdi a conta de quantas vezes passei por isso aqui, em São Paulo. Percebo várias pessoas na mesma situação, mas eu não consigo me acostumar.

Domingo não é dia de comer em shopping. Domingo não é dia de comer sozinha. Domingo é dia de almoço em família ou com os amigos. Saí da Igreja agora há pouco e ela está celebrando o mês do Amigo. O Pastor falou tantas vezes que nós, cristãos, temos o dever de ser mais companheiros, mais afetuosos e mais próximos uns dos outros. Chegou a contar que Jesus, em seu período de peregrinação e pregação, comia e se hospedava na casa de amigos ou até mesmo na casa de estranhos que lhe abriam as portas.

Sei que não posso reclamar dos amigos que fiz aqui e que muito me apóiam, mas tem hora que é difícil, não dá para controlar esta sensação de estar ‘sozinha’. Tem hora que minha única vontade é voltar para perto da minha família, para minha casa, para os meus amigos de infância, para minha igreja e para minha rua. Neste momento, se Deus pudesse me conceder um desejo, o último de toda a minha vida, seria estar em casa com os meus pais e meus irmãos num belo almoço de domingo. Ah! E o Crack também rodeando a mesa.

Às vezes penso que sou mal agradecida. Devia estar satisfeita por ter comida, por ter trabalho, por estar em São Paulo - algo que muito desejei. Devia estar feliz por ter amigos, vários, e alguns que em pouco tempo tomaram posse de um lugar especial no meu coração. Eu sei que eu podia ligar para alguém agora, mas “pedir”, neste caso, é tão estranho... Soa-me melhor quando é espontâneo e até imprevisível. O convite de um amigo sempre é uma surpresa boa e gostosa.

Senhor, perdoe-me por não compreender os seus desígnios. Sei que estás sempre ao meu lado, apesar de muitas vezes eu não me sentir digna do seu amor e da sua presença. Perdoe-me por minha limitação e por não conseguir enxergar as grandes bênçãos que o senhor está preparando para mim. Perdoe-me pela minha fragilidade e pela dificuldade que tenho de fazer com que o teu Espírito preencha todos os espaços vazios da minha vida”.

Sou grata sim e sempre serei, mas tenho precisado tanto de um abraço forte, de um aconchego, um carinho de Pai, uma companhia que me considere especial. Não digo que o problema é São Paulo, o problema está no coração das pessoas. Mas aqui, em especial, sinto um clima “morno”, relações “mornas”, distantes, não fisicamente, digo emocionalmente. Sei lá! Até com a pessoa com quem eu divido apartamento há mais de seis meses não consegui estabelecer nenhum vínculo de amizade e entrosamento. É meio cada um por si e Deus por todos.

Mas será mesmo que desse jeito eles se lembram de Deus? Tenho minhas dúvidas. Talvez falam por falar, falam para aparecer, por hábito ou, ainda, demonstram “religiosidade” por pura convenção social ou tradicionalismo. Mas lá dentro, em seus corações, falta sentimento, falta calor humano, falta doação e falta comunhão. Cristo sempre quis que nós, filhos e filhas de Deus, aprendêssemos a viver em comunidade, como irmãos, amando-nos e respeitando uns aos outros.

É essa tarefa que nos cabe, mas a neve da indiferença, da frieza, do individualismo, do comodismo e da má vontade tem nos congelado. Alguns já se transformaram em estátuas de pedra, não são capazes de tomar uma simples atitude visando o bem comum ou o bem do próximo. Esqueceram a principal missão que Jesus veio cumprir aqui na Terra: ensinarmos a amar o nosso irmão, como Ele mesmo nos amou. Estamos tão longes disso...

P.S.: E quanto ao fato de estar sozinha no domingo, sei que ninguém tem culpa. São as conseqüências deste mundo moderno e tão “evoluído”. Eu só queria mesmo desabafar!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O que é vital para você?


Esta semana, fiquei sabendo de uma promoção que pedia para responder exatamente a esta pergunta "O que é vital para você?" http://www.portalvital.com/ As melhores respostas que passassem por uma das cinco "lentes da vitalidade" seriam premiadas. Os temas: saúde e bem-estar, auto-estima, potencial humano, envolvimento na comunidade e, por último, meio ambiente.

Claro que esse assunto me interessa, até reservei um dia para refletir sobre esta questão na hora da minha oração noturna. Acho que a questão não é citar todas as coisas que te fazem feliz e te deixam satisfeitas, a questão é descobrir o que você pode fazer para alcançá-las. Para cada propósito, existe um caminho a percorrer até conquistá-lo. Meu desafio é descobrir as formas, as ferramentas, quais as melhores atitudes e em que parâmetro devo me basear.

Particularmente, acho que a vida é muito curta, e por mais que compreendo que estamos aqui para um contínuo e estruturado aprendizado, não gosto de perder muito tempo com determinadas coisas, desperdiçar chances e oportunidades, desperdiçar tempo com coisas que não me acrescentam nada e nem me faz sentir melhor, ou não fazem os outros se sentirem melhor. Portanto, comecei a pensar em que eu tenho que fazer para conquistar e desfrutar as coisas que são essenciais para minha vida. Mas, em primeiro lugar, o que é essencial para mim? Está interessado em saber? Então, continue a leitura. Para mim será uma alegria falar e, também, ouvir suas prioridades de vida.

Se alguém perguntar à minha família quais são as coisas que mais me deixam feliz, acho que a resposta será: estar entre amigos, falar, conversar, contar histórias, andar na rua (como diz minha mãe, "bater perna"), me envolver em trabalhos comunitários, ir na Igreja, fazer luzes no cabelo e ficar me achando linda, rir e arrumar confusão (sadia) com os meus irmãos, fazer festas e encontros e, claro que eles também vão dizer isso, ser o centro das atenções. Família conhece a gente melhor do que ninguém, por isso estou tirando por base o que acredito que eles declarariam. Pode deixar que depois confirmo com eles e coloco aqui no blog.

Agora, se eu os perguntasse quais são os meus sonhos, quais são as coisas que eu mais desejo nesta vida, podem apostar que estas respostas eu acertaria. Primeiro: casar! Sério, sempre declarei isso e não tenho nem um pouquinho de vergonha. Tenho certeza de que eles ainda iriam até complementar: casar-se com um "homem de Deus". Lógico! E ter uma festa linda, romântica e animada, se possível, com 1.500 convidados. Encontrar uma companheiro de verdade está tão complicado que até abro mão da festa, só para deixar Deus mais focado no pedido. Segundo: trabalhar com Responsabilidade Social, fazer desta motivação interna e desta alegria em proporcionar algo bom para o outro um meio de sustento para que eu possa me dedicar inteiramente à atividade. Três: ver minha família reunida outra vez, toda ela. Chego ao ponto de colocar na frente de qualquer outro pedido a estrutura familiar. Por isso, acho tão importante um companheiro com os mesmos valores e princípios que os meus, uma pessoa de fé, que acredita em Deus e reconhece que tem um papel importante aqui na Terra.

Isso foi só uma reflexão. Para responder à pergunta e ter mais foco, vou aproveitar as cinco lentes da vitalidade. Vamos lá:

1 - Saúde e bem estar:
Para mim, saúde tem que ser algo integral, algo que mantenha o equilíbrio físico, mental e espiritual. É essencial para mim e para qualquer outra pessoa, uma boa alimentação; uma rotina de trabalho equilibrada; uma boa noite de sono; dispor de (vários) momentos para relaxar e ficar com a família e os amigos; dedicar um tempo para Deus, ou melhor, pedir a Deus um tempo exclusivamente para a gente, para que possamos sentir sua força, sua luz, seu amor e sua presença - isso é VITAL!

2 - Auto-estima:
Confesso, adoro me sentir bonita, adoro uma roupa nova, adoro quando estou com ânimo e faço uma simples, porém delicada maquiagem. Também gosto de caminhar, andar de bicicleta, de receber cartas e mensagens dos amigos (isso demonstra que nós somos importantes para eles). Gosto de me sentir valorizada no trabalho, principalmente quando me dedico tanto a ele. E também gosto demais de ir no salão fazer unha. Quase não vou, tento resolver a questão em casa mesmo correndo o risco de ter que tirar e pintar várias vezes, mas é tão bom quando uma profissional faz o trabalho e você fica 'se achando'. Quando eu tiver uma situação mais tranquila, quero fazer ginástica, massagem, limpeza de pele, hidratação etc (sem exageros e futilidades, por favor, isso jamais!)

3 - Potencial humano:
Essencial para mim nesta questão é sempre continuar estudando. Acho que ninguém deveria parar de estudar, mesmo que não tivesse em busca de títulos, pois muitas vezes isso não quer dizer nada. Mas estudar, sim! Ler, pesquisar, entender, ter curiosidade em aprender, observar e compartilhar. Digo isso no âmbito intelectual, mas também no âmbito moral. Desenvolver o potencial humano tem a ver em ser mais útil nesta vida, aprender a se relacionar, a respeitar, toletar, ser gentil e educado com as pessoas, aprender a se colocar no lugar do outro, dominar e destruir a arrogância, a vaidade, o egoísmo, a inveja e a ignorância que ainda se faz presente dentro de nós.

4 - Envolvimento na comunidade:
Até agora falamos do "eu", "para mim", "o meu desejo", "minha satisfação", mas diversas pesquisas já demonstraram que o índice de felicidade humana, aquela felicidade sadia e verdadeira, também tem a ver em ver o outro feliz, fazer o bem, ajudar ao próximo. Por isso, costuma-se dizer que a caridade faz bem não a quem recebe, mas muito mais a quem se doa. Penso que esta questão deva ir além do que simplesmente mais um item para se buscar o propósito de ser feliz. Tem que ser um compromisso, um dever que toda pessoa deve ter consciência e assumir, principalmente aqueles que desfrutam de uma boa (para não dizer ótima) situação financeira, de saúde e material. Como podemos ser felizes de fato se nosso vizinho está sofrendo reveses da vida? Como podemos esbanjar luxos e confortos se existem milhares de pessoas em nosso planeta morrendo porque não tem nem um simples feijão com arroz. Pais de família desempregados, exploração por parte de empresários, guerras por conta da ganância, crianças e idosos morendo nos hospitais públicos, pessoas descrentes e solitárias, morrendo de depressão e de tristeza... Complicado ser feliz plenamente vivendo ao lado de toda essa situação.

5 - Meio ambiente:
Terra, nossa casa, de onde retiramos o alimento, o oxigênio que respiramos e a água que bebemos. Três componentes fundamentais para que possamos sobreviver. E nós, seres humanos ignorantes e gananciosos, estamos destruindo tudo. Destruindo nossa casa, o lugar que nos abriga, para juntar dinheiro e depois deixar tudo aí, pois vamos morrer tão logo mesmo. Estamos destruindo o habitat dos animais e, consequentemente, a vida deles também. Estamos destruindo as paisagens que tanto nos faz bem só de ver, quem dirá desfrutar uma cachoreira, um rio, o mar, a praia, os campos ou o próprio ambiente urbano. Nossas cidades poderiam ser bem melhores. Estamos ficando doentes, pois agora está tudo contaminado, estamos morrendo de calor, nas enchentes, de intoxicação alimentar, de falta de ar, de estresse etc. Onde vamos parar com isso?

Depois disso tudo, só posso dizer que vital para mim é acreditar em Deus, crer que ele está sustentando o universo e a vida de cada um em suas mãos. Vital para mim é ter esperança para continuar lutando por um mundo melhor. Vital é desejar ser melhor, ser útil e fazer a diferença, mesmo com muito sacrifício. Vital para mim é trabalhar para fazer o melhor, aprender e transmitir isso para as pessoas. Vital para mim é ter Fé. Preciso de fé, de esperança e de amor para VIVER.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Que honra ser chamada Filha de Deus


Hoje me dei conta da coisa mais importante da minha vida: que eu sou filha de Deus. Pode parecer óbvio e natural para muitos, e para mim também era, mas não na perspectiva que eu acabei de vislumbrar. Acompanhe meu raciocínio: estou viva, eu existo, sou uma pessoa, provavelmente, especial. Alguém me criou antes mesmo da concepção embrionária. Meu pai e minha mãe foram apenas instrumentos da manifestação do maior milagre da vida - a geração de um outro ser humano que, diga-se de passagem, deveria acontecer somente com amor. Mas para não fugir da questão, voltemos. Existo e alguém me criou. Todos nós concordamos e admitimos, independente de religião ou doutrina, que esse alguém é Deus. Um ser supremo e soberano que não só me criou, mas também todas as criaturas, todo o universo, os planetas, a natureza, seus elementos, todas as formas de vida, desde o plano material até o plano espiritual.

Eu faço parte deste complexo e infinito sistema, mas num determinado momento a atenção de Deus foi única e exclusivamente voltada para mim (assim como para você também!). Ele escolheu as pessoas que iriam me receber, deteminou cada característica, cada força potencial, cada talento, cada desafio a ser enfrentado, cada experiência e cada situação que eu poderia fazer uso para superar minhas limitações. Elegeu pessoas que dividiriam comigo o fardo da experiência terrena, a família que me apoiaria, os amigos que me trariam alegrias, a fonte de alimento espiritual e onde eu aprenderia a servir ao próximo.
Ele escolheu cada detalhe, determinou as melhores condições para minha evolução e eu, diante disso, só posso dizer que sou extremamente grata pela oportunidade, pela vida que me destes e por me amar tanto. Sim, somente alguém que nos ama muito tem todo esse cuidado. Se eu existo é porque, em algum momento, Deus voltou toda sua atenção para mim e desejou que eu existisse. Sinto-me muito honrada por fazer parte do desejo de Deus, nosso querido e misericordioso Pai.

Todos nós temos um grande Pai, alguém que podemos contar sempre, a cada minuto, a cada segundo e em qualquer situação. Ele tem toda a atenção voltada para cada um de seus filhos. Não duvide do seu poder. Ele é o criador do universo, do infinito, de coisas que nosso pensamento não pode sequer alcançar. E nós somos seus filhos. Muitas vezes nem nos damos conta do Pai que temos. Então, aproveite a oportunidade: peça, busque-o, "incomode-O", sempre, toda hora, como uma criança ainda dependente que somos. Ele nunca está ocupado demais para seus filhos e sente uma verdadeira alegria em ser lembrado por nós.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nosso jardim


Vou falar agora de duas amigas que vivem comigo aqui, em São Paulo.
Não! Não é sobre a Fernanda e a Gisele (elas são de Minas). Nem sobre a Olívia e Michele.
Nem sobre a Renata e a Tami. Nem sobre a Ju e a Ana. São minhas duas plantinhas, uma violeta branca e uma mudinha de pitanga gaúcha. Hoje eu comprei até terra enriquecida com nutrientes para que elas fiquem cada vez mais fortes e cada vez mais bonitas. A violeta dificilmente fica sem flor. Ela é meiga e delicada. Já a pitanga que eu trouxe do Rio Grande do Sul ainda é um bebê, por isso precisa ficar no "berçário".
É gostoso saber que há seres vivos que dependem da gente. Eu tenho que cuidar, colocá-las um pouco no sol, retirar, deixar tomar um sereno, regar e alimentar com boa terra. Tudo isso para que elas possam cumprir a sua missão: embelezar o mundo, alegrar o ambiente, trazer vida e harmonia e, ainda, filtrar o ar que a gente respira.
Quando fico em casa sozinha, aproveito para curtir a companhia delas. Quero um dia ter uma casa com bastante espaço e muita terra para ter mais que duas. No mínimo, umas dez. E verde, muito verde! Sinto falta de colocar minhas mãos e meus pés na terra. Como pode coisas tão simples nos proporcionar tanta alegria, tanto prazer e bem-estar? É que, na verdade, a felicidade está nas coisas simples, nas coisas que Deus fez para nos alegrar. A vida não depende do homem. O homem não tem o poder de operar este milagre. Somos apenas instrumentos do poder de Deus. Ele é o autor de toda a criação e de toda criatura. A vida é graça de Deus. A única tarefa que Ele nos confiou em relação à natureza é preservar, cuidar, mantê-la em prefeito estado - para o nosso próprio bem! "Obrigada, meu querido Papai do Céu, por incluir no mundo esta tão grande riqueza."

Doentes e desequilibradas


Muitas pessoas pensam que eu sou boba, que não sei me defender ou que me falta coragem para falar "certas" coisas, para "certas" pessoas, em "certas" ocasiões. Algumas vezes, já cheguei ficar com raiva de mim por esta limitação. Tem um pouco a ver com o texto que eu escrevi mês passado, "Ser boazinha cansa". Pois bem, pensando nisso e tentando encontrar essa tal coragem, descobri que não tenho mesmo esta habilidade. E para falar a verdade, tenho minhas ressalvas em relação ao desejo de desenvolvê-las.

Não sou uma pessoa do tipo grosseira, mal educada, estressada, fria, insensível, mal humorada, ranzinza, descontrolada, de mal com o mundo e com todos. Não sei tratar as pessoas como se elas valessem menos que os animais. Aliás, nenhum animal merece ser destratado, essa atitude chega ser crime. Então, se não podemos tratar assim nem os animaizinhos, quem dirá um outro ser humano, nosso semelhante, alguém da mesma raça que você. Não consigo compreender as pessoas que tratam seu próximo, pessoas da família, vizinhos, colegas de trabalho, desconhecidos, com grosseria, gritando, humilhando ou ofendendo.
Pobres coitadas! Não consigo nem ficar com raiva, porque no meu coração não existe espaço para armazenar e alimentar esses sentimentos ruins. Eu seria a principal prejudicada. Não consigo ficar com raiva porque acho que essas pessoas são seres humanos doentes. Peço a Deus misericórdia para essas almas infelizes. Sim, infelizes! Nós somos o reflexo do que temos em nosso interior. Se alguém tem a habilidade de manifestar descontrole, nervosismo, gritaria e grosserias, é porque certamente em seu interior há muita angústia e desequilíbrio.
Geralmente, fico sem reação quando me deparo com esse clima. Muitas vezes não sei, nem ao menos, me defender diante de um conflito. Confesso, fico quieta, não encontro as palavras certas, não consigo levantar a voz, não consigo revidar, tenho vontade de chorar, de correr para o colo do "Meu Pai". Por conta disso, muita gente acha que pode fazer o que bem entende com você. Mas elas só pensam, pois na verdade não podem. Não mesmo!
Imagino o quanto Deus deve ficar aborrecido ao ver filhos seus sendo tão ignorantes, tão orgulhosos e arrogantes. No fundo, devem ser tão frágeis, tãos infelizes, tão desequilibrados. Desconhecem que foram gerados por Amor, vieram do Amor e estão aqui por conta do propósito amoroso de Deus. Mas eles não sabem disso, ignoram totalmente esta verdade. E essa situação é a pior que existe.
Essas pessoas acabam passando pelo mundo marcando outras com o que elas têm de pior. Consequência disso é que elas também não conseguem e não desenvolvem a habilidade de se abrir para o que há de melhor. Estão na escuridão! Não alcançam a luz de Deus, porque a luz de Deus só habita onde há terreno fértil. Disponível para todos ela está, mas numa grande parte ela não se instala, pois não encontra espaço. O local está dominado por essas atitudes negativas, desagradáveis e desarmoniosas.

Eu senti na pele isso hoje, mas não me abalo. Sabe por quê? Por três motivos simples: o primeiro deles é que eu tenho Deus em mim. Muitas vezes nem me sinto digna de invocar a sua Presença, mas Ele vem mesmo assim, pois o Senhor é pura Graça e puro Amor. O segundo é que desfruto de muita saúde. E com saúde posso enfrentar qualquer situação - saúde física, emocional e espiritual, um dos maiores dons de Deus. Além disso, tenho amigos e uma família maravilhosa que me apoia, me ampara, me consola e me fortalece.
Sei que situações como essas vou enfrentar mais vezes, esta não será a primeira e nem a última. Só peço a Deus que me mantenha firme e forte, não permita que eu me abale com essas coisas inferiores. Sei que Ele conta comigo para reeducar esses irmãos que ainda estão mergulhados na escuridão. Que o Espírito Santo, a Força de Deus, invada como um tsunami o coração e a alma dessas pessoas, libertando-nas da ignorância e desta doença.
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
(Mário Quintana)