sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Carta a Deus



Querido Paizinho do Céu

Quero falar uma coisa bastante séria com o Senhor. Há algum tempo, tenho reclamado e pedido que minha situação profissional mude. Não quero ofendê-lo de maneira nenhuma, mas não gosto da função que eu estou desempenhando hoje e muito menos do salário que eu recebo. Para piorar a situação, a empresa que antes eu não tinha nada contra, está passando por uma série de problemas financeiros por conta de má gestão, falta de prioridade, planejamento e, pior, falta de consideração por seus funcionários. As pessoas estão desmotivadas, desanimadas e tristes. Tenho certeza de que, assim como eu, várias pessoas estão apenas aguardando uma oportunidade para mudar de emprego.

A questão é que eu não sei mais o que fazer, o que pensar, como pedir, como orar ou como devo enfrentar esta situação. Sei que o Senhor já ouviu minha súplica, tenho consciência de que o Senhor sabe que eu me mudei para São paulo com o intuito de estudar e trabalhar com Responsabilidade Social, sei que o Senhor preza meus sonhos, sei que o Senhor deseja que eles sejam realizados, sei que e o Senhor está trabalhando em minha vida e quer me ver feliz. Mas quanto tempo esperar? Qual a atitude e a postura a tomar durante este período?

Ontem, em oração, a Ana disse algumas coisas muito certas e que eu nem havia me tocado. Lutei para ter uma profissão sim, lutei para entrar na faculdade, foram 3 vestibulares durante 3 anos seguidos. Não contava com a possibilidade de fazer um curso particular. Por conta da situação financeira dos meus pais na época, minha única opção era a instituição pública. Entrei, para a glória do seu nome e sou extremamente grata por isso. Foi uma vitória. Estudei quatro anos com recursos limitadíssimos e ainda enfrentando a separação dos meus pais. Foi uma barra! Me formei e fui trabalhar como promotora de vendas em supermercados, eventos etc. Como eu detestava fazer aquilo. Não pelo trabalho, que é muito digno, até gostava de vender, bater minhas metas e conversar com as pessoas, acabava me aperfeiçoando profissionalmente. A minha insatisfação era devido ao fato de ter um diploma universitário e estar desempenhando uma função que outras meninas, até sem estudo, faziam melhor do que eu. * Raras exceções, pois modéstia à parte sou muito boa em relacionamento e comunicação.

Rezava e implora ao Senhor que me tirasse daquela situação. Minha "cara-de-pau" era tão grande que, ao pedir um trabalho, elenquei os requisitos. Disse que gostaria de trabalhar na minha área, de preferência com marketing, tinha que ser num veículo de comunicação, de preferência TV, devido o grande alcance e da linguagem mais simples, localizada em Juiz de Fora, pois na época eu não tinha nenhum interesse em sair da minha cidade. De repente... Pluft! Aconteceu. Fui contratada pela TV Alterosa, retransmissora do sinal do SBT em Minas Gerais. O salário era legal e a equipe ótima. Tive oportunidade de elaborar e desenvolver projetos na área social voltados para a comunidade e, ainda, ser reconhecida profissionalmente. O desafio maior era enfrentar a rotina puxada de serviço, o que incluía até os sábados e domingos, e o meu querido chefe "Touro Bandido". Quanto estresse ele me causou. Não foi à toa que lhe dei este doce apelido, que acabou pegando.

Depois de quase dois anos de convivência, entre brigas, choros e reclamações, ele recebeu uma proposta para trabalhar na TV Globo de Juiz de Fora. Não esperava, mas fiquei super mal, péssima na verdade. Sentia falta dele e cheguei a chorar na minha cama à noite como se estivesse com o coração partido por conta de um término de namoro. Porém, como Deus é bom demais, minha angústia durou pouco. Pouco tempo depois, recebi também uma proposta para trabalhar na emissora, óbvio que teve o "dedo" dele, afinal de contas profissionalmente formávamos uma bela dupla.

A partir daí, houve outras oportunidade profissionais bastante positivas. Mas uma, especificamente, contribuiu para que eu tomasse a decisão de me mudar para São Paulo em busca dos meus sonhos. Foi a última empresa em que eu trabalhei em Juiz de Fora. A equipe também era maravilhosa (salvo algumas exceções que sempre tem em qualquer lugar), um bom salário, muita visibilidade profissional, reconhecimento, mas eu já não queria mais trabalhar apenas com marketing, com eventos, com foco em ações comerciais. Eu queria algo novo, aprender uma nova forma de gestão, me especiaizar em responsabilidade social e sustentabilidade e trabalhar com algo que me proporcionasse uma realização mais que profissional e financeira, mas uma realização humana, algo que eu tivesse paixão, que me motivasse e preenchesse a minha vida.

Sem avaliar muito ou planejar, tomei a decisão e me mudei para São Paulo. Comecei minha temporada fazendo um bom curso na área e tratei de procurar trabalho. Caso contrário, teria que voltar com minha trouxinha nas costas. Rezei, rezei rezei, pedi, pedi, pedi, enchi o saco do meu amado Pai do Céu e, logo, uma oportunidade apareceu. Fiquei muito feliz. Deus havia sido, mais uma vez, muito bom para mim, pois mesmo sem inglês, espanhol etc, colocou-me numa empresa de comunicação, numa editora de revistas de negócios, na área de marketing. O salário era baixo e eu teria que ficar responsável pela participação das revistas em todas as feiras do setor, mas eu estava agradecida.

Foi um ano intenso, viajei, carreguei caixas, contratei fornecedores, acompanhei o trabalho de montagem de estandes nos finais de semana, atendi clientes, leitores, dei suporte aos representantes de venda, trabalhei até tarde da noite, passei raiva, me estressei e, na maioria das vezes, fiz isso tudo sozinha. Cheguei no final do ano passado desgastada, pois nesta época o clima na empresa não estava nada bom. Muitas pessoas já haviam sido demitidas, o ticket alimentação foi reduzido, o projeto de sustentabilidade que eu e mais alguns colegas de trabalho tínhamos desenvolvido foi cancelado pela direção, entre outros fatos que deixou todo mundo abalado. Eu já havia terminado a temporada de feiras e estava, razoavelmente feliz, porque ela só começaria em março do outro ano.

Porém, março está batendo à porte. E eu não tenho mais dúvida de que este não é mais o meu lugar. Estabeleci uma troca com a editora durante um período, mas minha fase está chegando ao fim. Ela foi muito importante para que eu me estabelecesse em São Paulo, aprendesse algumas coisas e ficasse mais esperta. Mas preciso seguir meu caminho. Desejo muito trabalhar na área de responsabilidade social, foi por este motivo que transferi minha vida e decidi começar tudo de novo longe de casa, com quase nenhuma referência. Coloquei na minha cabeça que a Isa Show, feira que aconteceu em novembro de 2009 seria minha última participação. O tempo está passando e eu não gostaria de começar tudo de novo. Eu não quero, Pai. Não quero!

Sei que o Senhor está trabalhando em minha vida, creio em ti, confio na sua providência, mas confesso que estou angustiada. Também tenho conhecimento de que o nosso tempo é diferente do tempo do Senhor e que devemos descansar em ti, pois tudo acontece quando tem que acontecer. Não duvido de nada disso. Só estou falando insistentemente sobre esta questão porque preciso desabafar. Não vejo mais propósito em ficar aqui desempenhando esta função. Minha atuação está limitada, meu salário está limitado, minha motivação já se foi...

Pai, não se equeça de mim. Me faça compreender o porquê de tudo isso. Me faça entender os seus projetos. Me dê calma, paz, conforto emocional e também financeiro. O Senhor Jesus disse que veio à Terra para nos dar a Vida, uma vida de abundância, porque o Senhor é o dono de tudo isso, eu sou sou filha, portanto, herdeira. Além de filha, sou sua serva. Coloque-me trabalhando para o Senhor então. Ai, Paizinho do Céu, eu não quero mais fazer feira. Quero ser reconhecida e valorizada pelo meu trabalho. Quero estudar, crescer, me aprimorar e contribuir. Quero mais. Quero fazer mais por mim, pela minha família, pelas pessoas, pelo mundo e pelo o Senhor. Reduza meus dias aqui e abra uma porta de luz para mim em outro lugar.

O senhor está dizendo ao meu ouvido que, na verdade, vim parar aqui para encontrar a Tami e a Renata, estabelecer com elas um laço de amizade e de trabalho. Já reconheço isso também e tenho provas. A Execultive é um projeto do Senhor que nos entregou para trabalharmos por um mundo melhor, por relações mais humanas, por valores que estão esquecidos, por uma vida mais próspera e também muito mais feliz. Ainda não sabemos o que nos cabe execultar. Mostre-nos, Senhor. Inspire-nos, abra os nosso olhos, nossa cabeça e nosso coração. Queremos te servir. Eu gostaria de sair da Banas hoje e me dedicar totalmente ao nosso projeto, porém não sei como me sustentar somente por meio dele. Mostre-me o caminho, mostre-me uma solução. Estou a seu dispor, Senhor. Só conseguirei caminhar se for contigo. Não se esqueça de mim.

Raquel

25 de fevereiro de 2010

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