sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Deus é mais que fiel. Deus é Pai.



Chegou ao fim a novela "Em busca de uma casa em São Paulo", uma verdadeira obra de não-ficção que teve início em novembro do ano passado. Na verdade, não foi elaborado nenhum livro, novela ou documentário, mas se eu relatasse tudo o que passei, junto com a Ana e a Jú, para conseguir um lugar para morar aqui em São Paulo, daria para produzir, no mínimo, um dramático seriado.

Apesar de ser jornalista e ter algumas aptidões para a área de produção de vídeo, eu prefiro transformar essa experiência num testemunho de fé. Sim - mais uma vez - pois minha vida é recheada de manifestações do poder de Deus. Alguns podem considerar coincidências, acasos ou, simplesmente, historinhas. Mas para quem busca, sente e crer na presença e no poder de Deus, sabe que tudo, cada detalhe, cada ação, cada fato, tem um toque divino. Eu creio e dou prova.

Entrei de férias do trabalho no dia 18 de dezembro de 2009, logo arrumei minhas malas para passar o Natal e o Ano Novo com minha família em Juiz de Fora. Não é novidade para as pessoas mais próximas que um dos lugares que mais gosto de ir e visitar é a "minha comunidade", a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a famosa Igreja do Bairu, bairro onde eu morava antes de me mudar para São Paulo.

Numa das celabrações, ouvi o Padre Tarcísio convocando a comunidade para participar da campanha que tem como intuito construir a Casa Paroquial. Para quem nunca foi católico ou não tem conhecimento, vale informar. Há algum tempo, nossa Igreja foi elevada à categoria de Paróquia, isto quer dizer que ela adquire novas responsabilidades e compromissos perante à sociedade e à organização eclesiástica. Neste caso, é importante que o Padre tenha uma dedicação maior ao trabalho social e religioso, significa estar presente, praticamente de forma integral na vida da comunidade, significa estar perto, compartilhar e dividir o mesmo espaço. Por isso, a Casa Paroquial, residência onde o padre (ou os padres) vai se estabelecer é tão importante.

Cheguei em casa e perguntei para minha mãe se ela estava participando da campanha. Ela disse que não. Perguntei se ela, por acaso, já havia sido dizimista em nossa Igreja. Ela também disse que não. Justificou que dá ofertas sempre que pode, ajuda na doação de roupas, alimentos e no auxílio ao próximo, e essa era a contribuição que podia oferecer. Comentei com ela que estava aprendendo numa outra igreja o signifcado e o valor do dízimo. Apesar de ser um preceito tão criticado atualmente em nossa sociedade, em virtude da má conduta de diversos líderes "religiosos", tive a oportunidade de ouvir testemunhos maravilhosos que me fez mudar de opinião.

Outro dia, um rapaz falou que entregava sim 10% da sua remuneração porque tinha consciência de que tudo que ele recebe vem de Deus. De uma forma ou de outra, é Deus quem ministra essa dádiva. Declarou ainda que Nosso Deus é tão excepcionalmente bom que permite que ele fique com 90%, ou seja, a maior parte. Também ouvi outra pessoa argumentando que dava o dízimo porque considerava a igreja um dos únicos projetos que existe na face da Terra que tem a missão de evangelizar, difundir os valores do Evangelho e levar o nome de Jesus a todo homem e a todo lugar. Também ouvi - essa foi bem legal - que dízimo não é caridade, dízimo é compromisso cristão. Se queremos melhorar o mundo, devemos melhorar o ser humano. Para melhorar o ser humano, precisamos infundir em nós e no próximo os valores e os ensinamentos de Jesus Cristo. Se todo ser humano desenvolvesse e adquirisse uma conduta ética, o sentimento de justiça e fraternidade, de comunhão, de igualdade, de solidariedade, de respeito, de partilha, ou seja, de Amor, não precisaríamos executar diversas outras campanhas sociais - contra a fome, contra a discriminação, contra a violência, contra a corrupção, a favor da adoção, a favor da preservação da meio-ambiente, do uso racional dos recursos da natureza, entre outros. Se todo o homem se dispusesse a ser imagem e semelhança de Deus, digo interiormente, certamente o mundo seria um lugar melhor para se viver, para todos!

Enfim, depois desse longo comentário, a questão é que eu resolvi participar da campanha da Casa Paroquial. Manifestei meu interesse na secretaria da Igreja e fiz a escolha do plano de participação. Afinal de contas, cresci na comunidade do Sagrado Coração de Jesus, fiz catecismo, Primeira Comunhão, Perseverança (quando ainda existia), Crisma, participei do grupo jovem, da criação da Pastoral da Comunicação, como podia nunca ter entendido esse valor? Meu compromisso foi firmado antes do Natal. Informei o meu endereço de São Paulo e imaginei que logo no início de janeiro já chegaria o primeiro boleto. Até me programei.

De volta das férias, a ansiedade para arrumar um novo lugar para morar começou a tomar conta. Há oito meses eu divido apartamento com uma moça que muito mal fala um "bom dia" para mim. Tentei descobrir o motivo, mas até hoje não tive uma resposta convincente. Acho que, simplesmente, como dizem por aí, "nosso santo não bateu" (risos). Mas o fato é que estava muito difícil para mim continuar neste lugar. Além disso, duas amigas minhas também estavam procurando uma nova moradia. Depois de muito negociar e discutir, decidimos procurar um lar que fosse bom para nós três.

As dificuldades foram imensas. Não dá nem para relatar todos os fatos: visitas a apartamentos em péssima condições, muito longe, muito caro, com muita exigência burocrática, muito caro de novo, nenhuma oferta no bairro que preferíamos, somente 1 dormitório... Ouvimos e passamos de tudo, até debaixo de chuva a gente saía para procurar. Todos devem ter acompanhando nos noticiários os 48 dias seguidos de tempestades em São Paulo. Nós estávamos enfrentando duas tempestades ao mesmo tempo. Numa desses dias de procura, encontrei um trevo de quatro folhas. Incrível né? Para mim foi um sinal. Não me contive e o arranquei com terra e tudo. Plantei num vasinho e, por um milagre da vida, ele se multiplicou e está repleto de companheiros.

Na semana seguinte, encontranos um apartamento que atenderia a necessidade das três, porém havia um impecilho: não tínhamos fiador. De fato, o fiador nos faltava, mas amigos... Esses nunca. Eu, particularmente, sinto-me abençoada por ter amigos maravilhosos, que posso contar de verdade e a qualquer hora. Minha irmã de coração Olívia conseguiu que um amigo se dispusesse a ser nosso fiador até as coisas melhorarem. Ele aceitou e demos início ao processo. A semana foi agitada, tivemos que sair no horário de expediente, aprender a negociar, a lidar com contrato de locação, imobiliária, reforma, a confiar ainda mais uma na outra etc. Chegamos até a nos desentender. Foi "punk"!

Ontem, quinta-feira, já estava tudo encaminhado. Cheguei em casa morta de cansaço, mas ainda consegui embalar minhas coisas pessoais. Afinal de contas, já havia dito para a moça que dividia apartamento comigo que sairia antes do carnaval. Desmontei, chorei no meio das caixas e nem me dei conta de que havia chegado uma correspondência da Igreja Sagrado Coração de Jesus. Acordei ainda tonta, liguei para o trabalho dizendo que iria me atrasar pois ainda precisava passar no cartório para reconhecer firma do fiador. Tomei café, um banho e abri o envelope. Era o carnê de pagamento da campanha em prol da Casa Paroquial. Olhei o primeiro boleto, pois imaginei que estava atrasado e, para minha surpresa, o vencimento da primeira parcela estava programada para o dia 12 de fevereiro. Hoje! Exatamente a data de início do meu contrato de locação. Repito: exatamente na data do início do meu contrato de locação. Está aqui comigo para quem quiser ver. Nada foi combinado. Enfiei o boleto na bolsa e saí para resolver as últimas coisas e ir trabalhar. Pouco tempo depois, recebo a notícia do corretor informando que o apartamento já está à nossa disposição, basta pegar as chaves.

Farei minha mudança hoje à noite, mas dormirei na casa da Tami. O apartamento ainda está com a energia elétrica desligada. Amanhã, a Ju vai trazer as coisas dela, depois a Ana. Pularemos carnaval em casa - na nossa casinha - fantasiadas de faxineiras. Depois, quando tiver tudo arrumadinho, faremos um Culto a Deus em nosso lar, pois sem Ele, nada disso tinha acontecido. Sem Ele, nem aqui eu estaria. Sem ele, eu nem mesmo existiria para falar a verdade.

Um comentário:

Débora Lelis disse...

Estava precisando ler isso! Pra falar a verdade estava pensando sobre isto ontem e hoje, e parece que só veio a confirmar... Me lembro que quando eu era dizimista tive o período mais próspero na minha vida, em tudo. Como o próprio Deus diz para entregar o tesouro e fazer prova dele, da sua fidelidade. To me programando pra voltar a ser, não apenas por isso mas pq é nossa obrigação de cristã mesmo, temos que sustentar a igreja e todo o seu trabalho. São muitas as nossas missões... Obrigada! Beijos, Débora.