As pessoas desejam se encontrar. Isso quer dizer que desejamos encontrar nossa cara-metade. Não precisa ser exatamente nossa alma-gêmea (se é que isso existe), mas um companheiro ou companheira que divida conosco sonhos e ideais, e sejam capazes de tornar nossas vidas mais leves e coloridas.
Confesso que estou nessa situação, e tenho dezenas de amigos e amigas que também estão nessa busca (ou à espera) de algo que seja capaz de transformar a nós mesmos ou nossas vidas. Onde está o Cupido que não entrelaça esses corações? A falha não está na entidade mitológica arqueira incumbida da missão. A falha está em nós mesmos, em nossa ansiedade, em nossa pressa de ver as coisas acontecendo que chega a comprometer nosso discernimento.
Ao meu ver, as pessoas iniciam relacionamento por, basicamente, três motivos. O primeiro deles, uma crueldade, é por pressão da sociedade. Esta pressão fica mais evidente quando chegamos a uma certa idade. Quando ultrapassamos a faixa etária “adequada” para se casar, ter filhos etc, até a família colabora para nos deixar ainda mais angustiados.
Conheço várias pessoas que cederam a essa pressão ou aceitaram esse condicionamento imposto por nossa cultura sem levar em consideração seus verdadeiros sentimentos, a possibilidade de se sentirem plenos, a liberdade de que dispomos. Resultado: separação ou uma vida morna, a apagada, conformada. Em ambos os casos, é inevitável não conviver com a dor, com a frustração e com o inconveniente “e se”. E se eu tivesse feito outra escolha?
O segundo motivo é drástico, talvez mais complicado que o primeiro, e a culpa é da bendita carência. Aquela situação em que só conseguimos pensar na possibilidade de começar um relacionamento com alguém, em ter alguém, em se sentir alguém. Mas antes quero deixar claro uma coisa: carentes todos nós somos. Quem não gosta de receber um carinho, um abraço forte, um beijo gostoso, um cafuné, flores, bilhetinhos, demonstrações de afeto, uma surpresa, um sorriso de alguém pela qual nutrimos um sentimento todo especial? Duvido que alguém diga “eu não me importo” ou “eu não ligo”. Duvido até que o homem mais duro e frio não se renda, mesmo a contragosto, a um gesto carinhoso.
O problema é quando a carência chega tomando o espaço da nossa auto-estima. E isso acontece freqüentemente, sem que percebamos. Pois a ansiedade, nosso desejo apressado de ver as coisas acontecendo (lembra?) compromete nosso discernimento. Então, embarcamos na primeira balsa que encosta em nosso porto. Nem ao menos verificamos as condições da viagem e a capacidade do veículo. Em alguns casos, é rápido perceber que estamos numa canoa furada.
Sair dessa situação demanda um trabalho imenso, uma resistência e uma força de vontade descomunal. Seria tão menos doloroso se tivéssemos sido prudentes e dado mais valor a nós mesmos. Acredito que nessa categoria embarque 90% das pessoas que estão nesta busca.
Antes de falar sobre o terceiro motivo, acho que vale a pena citar uma outra razão, não menos perigosa. Há pessoas que se aproximam de outras também por puro interesse. Acredito e tenho fé que situações como essas estejam mais presentes em obras de ficção como novelas, filmes, livros etc. Mas não podemos deixar de constatar que diversos seres humanos se deixam ser levados por seus instintos inferiores, por seu egoísmo, e vão à caça de suas presas para conquistar bens materiais, dinheiro, conforto, luxo, status, prazeres, entre outros benefícios. Há pessoas que se aproximam da outra até para conquistar uma “boa imagem”. Confesso que já joguei um charme por conta de um interesse intelectual. Melhor corrigir minha colocação, na verdade eu me senti atraída pelo conhecimento que o outro tinha, sua cultura, a linguagem formal, a postura. E eu pretendia absorver um pouco disso, unir o útil ao agradável rsrs. Preciso ficar atenta, pois esse é um dos meus pontos fracos.
Finalmente, a verdadeira razão pela qual as pessoas se unem é para se sentirem mais fortes, mais vivas. O que garante uma base sólida para esta parceria são as afinidades. Não tem jeito, para uma relação dar certo é necessário que o casal tenha diversas afinidades, ou venha a cultivá-las: perspectiva de vida, projetos, sonhos, fantasias, diversão, afinidade espiritual, de valores, de hábitos etc.
Um casal precisa ser amigo um do outro, e amizades, geralmente, nascem a partir das afinidades. Além disso, como disse Antônio de Pádua, canonizado pela Igreja Católica, para se chegar ao Amor é preciso uma longa caminhada. Uma jornada que passa pelo respeito, pela consideração e pelo carinho. Somente se houver respeito ao outro, à sua liberdade, aos seus sonhos, às suas limitações; somente se houver consideração, o ato de se colocar no lugar do outro, de valorizar e demonstrar o quanto esta pessoa é importante para você; somente se houver carinho, que é a demonstração concreta e real do que sentimos pelo outro, expressar o que temos de melhor para nossa principal companhia, cuidar, torná-la alegre; somente com esses três ingredientes chegamos perto do que significa a palavra AMOR.
Diante disso, pessoas estão se unindo e construindo suas vidas sem nenhuma base, sem ter como ‘norte’ o objetivo principal da humanidade, a condição primária para sermos de fato felizes. Nem preciso falar aqui as conseqüências disso, não é mesmo?
Raquel Corrêa
Confesso que estou nessa situação, e tenho dezenas de amigos e amigas que também estão nessa busca (ou à espera) de algo que seja capaz de transformar a nós mesmos ou nossas vidas. Onde está o Cupido que não entrelaça esses corações? A falha não está na entidade mitológica arqueira incumbida da missão. A falha está em nós mesmos, em nossa ansiedade, em nossa pressa de ver as coisas acontecendo que chega a comprometer nosso discernimento.
Ao meu ver, as pessoas iniciam relacionamento por, basicamente, três motivos. O primeiro deles, uma crueldade, é por pressão da sociedade. Esta pressão fica mais evidente quando chegamos a uma certa idade. Quando ultrapassamos a faixa etária “adequada” para se casar, ter filhos etc, até a família colabora para nos deixar ainda mais angustiados.
Conheço várias pessoas que cederam a essa pressão ou aceitaram esse condicionamento imposto por nossa cultura sem levar em consideração seus verdadeiros sentimentos, a possibilidade de se sentirem plenos, a liberdade de que dispomos. Resultado: separação ou uma vida morna, a apagada, conformada. Em ambos os casos, é inevitável não conviver com a dor, com a frustração e com o inconveniente “e se”. E se eu tivesse feito outra escolha?
O segundo motivo é drástico, talvez mais complicado que o primeiro, e a culpa é da bendita carência. Aquela situação em que só conseguimos pensar na possibilidade de começar um relacionamento com alguém, em ter alguém, em se sentir alguém. Mas antes quero deixar claro uma coisa: carentes todos nós somos. Quem não gosta de receber um carinho, um abraço forte, um beijo gostoso, um cafuné, flores, bilhetinhos, demonstrações de afeto, uma surpresa, um sorriso de alguém pela qual nutrimos um sentimento todo especial? Duvido que alguém diga “eu não me importo” ou “eu não ligo”. Duvido até que o homem mais duro e frio não se renda, mesmo a contragosto, a um gesto carinhoso.
O problema é quando a carência chega tomando o espaço da nossa auto-estima. E isso acontece freqüentemente, sem que percebamos. Pois a ansiedade, nosso desejo apressado de ver as coisas acontecendo (lembra?) compromete nosso discernimento. Então, embarcamos na primeira balsa que encosta em nosso porto. Nem ao menos verificamos as condições da viagem e a capacidade do veículo. Em alguns casos, é rápido perceber que estamos numa canoa furada.
Sair dessa situação demanda um trabalho imenso, uma resistência e uma força de vontade descomunal. Seria tão menos doloroso se tivéssemos sido prudentes e dado mais valor a nós mesmos. Acredito que nessa categoria embarque 90% das pessoas que estão nesta busca.
Antes de falar sobre o terceiro motivo, acho que vale a pena citar uma outra razão, não menos perigosa. Há pessoas que se aproximam de outras também por puro interesse. Acredito e tenho fé que situações como essas estejam mais presentes em obras de ficção como novelas, filmes, livros etc. Mas não podemos deixar de constatar que diversos seres humanos se deixam ser levados por seus instintos inferiores, por seu egoísmo, e vão à caça de suas presas para conquistar bens materiais, dinheiro, conforto, luxo, status, prazeres, entre outros benefícios. Há pessoas que se aproximam da outra até para conquistar uma “boa imagem”. Confesso que já joguei um charme por conta de um interesse intelectual. Melhor corrigir minha colocação, na verdade eu me senti atraída pelo conhecimento que o outro tinha, sua cultura, a linguagem formal, a postura. E eu pretendia absorver um pouco disso, unir o útil ao agradável rsrs. Preciso ficar atenta, pois esse é um dos meus pontos fracos.
Finalmente, a verdadeira razão pela qual as pessoas se unem é para se sentirem mais fortes, mais vivas. O que garante uma base sólida para esta parceria são as afinidades. Não tem jeito, para uma relação dar certo é necessário que o casal tenha diversas afinidades, ou venha a cultivá-las: perspectiva de vida, projetos, sonhos, fantasias, diversão, afinidade espiritual, de valores, de hábitos etc.
Um casal precisa ser amigo um do outro, e amizades, geralmente, nascem a partir das afinidades. Além disso, como disse Antônio de Pádua, canonizado pela Igreja Católica, para se chegar ao Amor é preciso uma longa caminhada. Uma jornada que passa pelo respeito, pela consideração e pelo carinho. Somente se houver respeito ao outro, à sua liberdade, aos seus sonhos, às suas limitações; somente se houver consideração, o ato de se colocar no lugar do outro, de valorizar e demonstrar o quanto esta pessoa é importante para você; somente se houver carinho, que é a demonstração concreta e real do que sentimos pelo outro, expressar o que temos de melhor para nossa principal companhia, cuidar, torná-la alegre; somente com esses três ingredientes chegamos perto do que significa a palavra AMOR.
Diante disso, pessoas estão se unindo e construindo suas vidas sem nenhuma base, sem ter como ‘norte’ o objetivo principal da humanidade, a condição primária para sermos de fato felizes. Nem preciso falar aqui as conseqüências disso, não é mesmo?
Raquel Corrêa
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